COP30 e o Futuro da Tecnologia: Por que o descarte de baterias precisa entrar na pauta estratégica das empresas brasileiras

Mauro Miaguti, sócio da Connect Device

A COP30, realizada em Belém do Pará, trouxe ao centro do debate global um tema tão urgente quanto complexo: o descarte de baterias e o avanço de uma economia circular capaz de acompanhar a transição energética.

Enquanto falamos sobre eletrificação, energias renováveis e expansão de dispositivos inteligentes, cresce silenciosamente um problema que pode comprometer justamente aquilo que buscamos preservar: o meio ambiente.

A disseminação de veículos elétricos, painéis solares, sensores industriais, dispositivos de IoT e sistemas de automação aumentou exponencialmente a demanda por minerais críticos como lítio, níquel e cobalto. Em paralelo, aumentou também o volume de baterias que chegarão ao fim da vida útil nos próximos anos; um volume que o Brasil ainda não está preparado para absorver plenamente.

A transição energética não é apenas uma mudança tecnológica – é uma mudança de responsabilidade

Na Conect Device acreditamos que não existe inovação verdadeira sem responsabilidade ambiental.
A transição para matrizes mais limpas depende não apenas de produzir novas tecnologias, mas de garantir que todas elas tenham um ciclo completo de vida sustentável, inclusive de para onde vão as baterias, por exemplo, após o descarte.

Baterias descartadas de forma irregular podem liberar metais pesados no solo e na água, aumentar o risco de incêndios e gerar custos ambientais irreversíveis.

E esse risco não está apenas nas grandes baterias de carros elétricos: está também nas pequenas unidades usadas em dispositivos de uso diário – celulares, ferramentas, sensores industriais, computadores e equipamentos de IoT.

No setor de tecnologia, especialmente no universo da conectividade e da telemetria industrial, isso tem um impacto direto.

Por isso, através de soluções baseadas em IoT (Internet das Coisas), desenvolvemos na Conect Device um sistema que testa, rastreia e classifica baterias de acordo com sua vida útil real, contribuindo diretamente para a redução de resíduos e o fortalecimento da economia circular.

O sistema é utilizado por empresas como Cielo, Pag Bank e GetNet, com uma média de 1.300 baterias testadas por dia e mais de 250 equipamentos conectados em operação.

Seu diferencial está na integração total via IoT, que permite monitorar o ciclo completo da bateria, da utilização ao descarte, promovendo a reutilização consciente e antecipando-se à futura legislação sobre resíduos tecnológicos.

Sobre a reutilização das baterias consideradas com meia vida útil, estão sendo estudadas possibilidades de direcioná-las a novos usos, incluindo parcerias com empresas do setor de brinquedos, para que elas sejam utilizadas em dispositivos de baixo consumo ou aplicações educacionais.

Esse reaproveitamento evita o descarte precoce e reduz significativamente o impacto ambiental.

Já as baterias sem possibilidade de reaproveitamento são rastreadas e vinculadas a um laudo de descarte ambiental, emitido pelo sistema em parceria com a Energy Source, a primeira empresa do mundo a oferecer uma solução completa no reparo, reuso e reciclagem de baterias de lítio.

Empresas que integram sustentabilidade à operação não apenas reduzem impactos ambientais: elas ganham competitividade.

A economia circular passou de uma “boa prática” a um elemento estratégico.

A COP30 reforçou esse ponto ao destacar que países em desenvolvimento, como o Brasil, têm papel importante na cadeia global de minerais críticos e resíduos eletrônicos.

Ou assumimos essa responsabilidade de forma estruturada, ou ficaremos para trás no cenário internacional da inovação.