Sistema internacional de classificação de risco determina as prioridades no atendimento de urgências e emergências
Desde a última segunda-feira (28), o Hospital e Pronto-Socorro Central (HPSC) de São Bernardo do Campo passa a adotar o Protocolo de Manchester, sistema internacional de classificação de risco para determinar as prioridades no atendimento de urgências e emergências que já é utilizado há muitos anos na Europa.
O protocolo garante que sejam atendidas primeiramente as pessoas em situação crítica, sofrimento intenso, com risco de morte ou de ter o quadro clínico agravado. Até setembro, o mesmo sistema será adotado nas UPAs União/Alvarenga e Baeta Neves. Nas outras sete UPAs, o protocolo será aplicado até o início do primeiro semestre de 2015.
Ao chegar ao HPSC, o paciente será avaliado por enfermeiros treinados para determinar a gravidade do caso. Por meio de perguntas objetivas, o profissional avalia queixas e sintomas e o classifica conforme a urgência do atendimento, em cinco categorias. Em seguida, ele recebe uma etiqueta adesiva com a cor correspondente ao seu grupo de risco.
Os casos gravíssimos, com necessidade de atendimento imediato, serão classificados como vermelho. A cor laranja será destinada aos pacientes que apresentam caso grave, que precisa de atendimento o mais rápido possível.
A cor amarela representará os casos de gravidade moderada, com necessidade de atendimento, mas sem risco imediato. A classificação verde indicará os pacientes com pouco risco de complicação, que podem aguardar atendimento. Por fim, o azul será destinado aos pacientes com casos de baixa complexidade, que podem esperar o atendimento ou procurar uma Unidade Básica de Saúde (UBS).
De acordo com a secretária de Saúde, Odete Gialdi, o Protocolo de Manchester tem papel educativo. Segundo ela, é comum usuários recorrerem a unidades 24 horas para resolver situações de baixo ou nenhum risco, que poderiam ser acompanhadas pelas UBSs. A secretária acrescenta que o protocolo oferece mais segurança ao usuário e aos profissionais de Saúde. “Os usuários terão a garantia de que serão imediatamente socorridos se estiverem em estado grave, e os trabalhadores terão mais confiança em relação ao atendimento porque terão parâmetros de atenção estabelecidos.”
A superintendente do HPSC Renata Martello afirma que todos que procurarem o pronto-socorro, mesmo os casos sem complexidade, serão atendidos. “Nosso objetivo principal é salvar vidas, além de organizar o trabalho da equipe”. A unidade atende cerca de 700 pessoas por dia em casos de urgência e emergência em seis especialidades – clínica médica, cirurgia geral, odontologia, oftalmologia, ortopedia e pediatria.
Treinamento – Médicos e enfermeiros do HPSC passaram por treinamento sobre o Protocolo de Manchester, realizado pelo Grupo Brasileiro de Classificação de Risco (GBCR). A organização, de direito privado e sem fins lucrativos, é a única autorizada a formar profissionais, auditar e apoiar a implementação do sistema no País.
Coordenadora técnica do GBCR, Bárbara Lopes de Brito Torres conta que são inúmeros os benefícios colhidos pelos locais que adotaram o modelo. No Brasil, segundo o grupo, cerca de 70 serviços de urgência e emergência utilizam o sistema, na rede pública e privada. “O paciente sabe que não vai morrer na fila, esperando para ser atendido. Isso faz toda a diferença. Mesmo os que têm de aguardar mais, como no caso dos classificados pela cor azul, têm a segurança de que serão priorizados se precisarem”, declara Bárbara.
Sistema está em 19 países – O Protocolo de Manchester foi criado em 1997 pelo médico Kevin Mackway-Jones, que trabalhava em um hospital de urgência e emergência na cidade inglesa de mesmo nome. Após se debruçar sobre o perfil dos atendimentos e os índices de mortalidade de pacientes que davam entrada no serviço, ele entendeu que era preciso criar mecanismos de triagem.
O Protocolo de Manchester é adotado por unidades de saúde de 19 países, com destaque para Portugal, que tem o sistema em quase 100% de sua rede.