Banda Munich

Exclusiva: Banda Munich conta um pouco de sua história

Há quem ache que a música boa no Brasil está cada vez mais defasada. Por um lado, bandas e artistas de qualidade duvidosa surgem em demanda e atingem a grande massa. Por outro lado, a internet e outros canais alternativos permitem descobrirmos um mundo longe das rádios e canais abertos, com excelentes artistas que nos agraciam com excelentes trabalhos.

Um destes exemplos é a banda Munich, que apresenta músicas de muita qualidade numa mistura de rock alternativo, rock nacional e pós punk inglês. Formada em 2012, a banda conta com Max Salgueiro nos vocais, Max Marianek na guitarra, Danilo Lima no baixo e Mauricio Pasqual na bateria.

Banda Munich

Prestes a lançar seu primeiro EP virtual, Sentido Desfigurado, Munich já gravou seu primeiro video-clipe (que você verá mais abaixo) e conta com uma agenda bem movimentada. E para contar um pouco mais e sua história, o Artescétera realizou uma entrevista exclusiva com a banda, onde eles contam um pouco de sua história, planos e experiência.

Conte um pouco a história da banda; como vocês se conheceram, como a banda surgiu, ex integrantes, etc.

Max Marianek: A banda começou com outra formação, diferente da atual e teve uma reformulação no final de 2012. Nessa reformulação, entraram o Danilo Lima no baixo e o Mauricio Pasqual na bateria. Eu, o Danilo e o Mauricio nos conhecíamos desde o tempo da escola e já havíamos tocado em diversas bandas juntos.

Max Salgueiro: Eu entrei em janeiro de 2013 quando a banda estava em período de reformulação. Entramos em contato através da internet e marcamos um ensaio. Fui com a intenção de ser a ultima tentativa em encontrar uma banda pra tocar, pois já havia passado por bandas onde nunca me enquadrava, e deu certo. Estou na banda até hoje muito satisfeito.

Danilo: Até que chegou o momento em que a MUNICH surgiu com uma proposta de fazer um som com uma pegada diferente do que todos faziam anteriormente em outros projetos.

Qual a história do nome Munich?

Danilo: A banda tinha outro nome. Com a reformulação no final de 2012, achamos que era necessário mudar de nome para começar essa nova fase, mas somente quando o Max assumiu os vocais resolvemos juntos, os quatro, escolher um novo nome. O nome é referencia a músicas de duas bandas as quais são influencias pra MUNICH, essas são New Division e Editors; cada banda tem uma musica com o nome “MUNICH” e a estética do nome e sua sonoridade também atraiu a todos. Achávamos que juntava simplicidade e sofisticação ao mesmo tempo sofisticação e combinava com o nosso conceito.

O som de vocês tem características que vão do pós punk ao rock alternativo. Quais são os artistas e/ou bandas que são influências para vocês, tanto para a banda, quanto individualmente?

Marianek: É, então, você já citou duas das nossas principais influências em gêneros, o pós-punk e o rock alternativo, nesses estilos bandas como o Placebo, The Smiths e The Cure. Mas não somos restritos somente a isso, acrescentaria também o Rock Nacional, que é muito importante para a nossa formação; bandas como Legião Urbana, Titãs, Plebe Rude e outras mais que nos influenciam bastante e mostraram também como fica bom cantar em português. Além do que, o legado dessas bandas do rock nacional, dos anos 80, parece que foi um pouco esquecido pelas atuais bandas e nós achamos interessante trazer novamente essas referências. Mas individualmente varia bastante; eu por exemplo gosto muito de Joy Division, Siouxsie And The Banshees, Cocteau Twins, The Killers, Smashing Pumpkins , Coldplay, White Lies e uma banda nova que me agrada muito que chama Savages. Mas gosto muito também de hardcore e punk e dos clássicos como The Doors, David Bowie, e Black Sabbath.

Salgueiro: Meu primeiro show de rock quando eu era criança foi do Pato Fu. Eu admiro a banda desde pequeno por influencia dos meus familiares, e escuto o trabalho da banda até hoje. Posso citar aqui muitos nomes de músicos que são inspiradores pra mim, por exemplo: Brandon Flowers, Brendon Urie, Brandon Boyd e Anthony Kiedis que são incríveis vocalistas e arrebentam no palco… Muita coisa do MPB particularmente, também me agrada. Enfim, sou total sem preconceitos, o que não significa gostar de tudo, mas costumo ser um ouvinte bastante curioso, gosto de ter argumento e liberdade pra ouvir e me inspirar através de várias coisas.

Danilo: Tenho grandes influências de várias vertentes do rock e até mesmo fora dele. Mas para a banda eu trago mais influências do pós punk, alternativo e uma pitadinha de indie (rsrs).

Mauricio: Da banda eu sou com certeza o mais eclético, que ouve de tudo um pouco, gosto muito de, Tim Maia, Jorge Ben, passando por Secos e Molhados, Clara Nunes, Beth Carvalho, Los Hermanos, Milton Nascimento e Ray Charles,até o hardcore do AFI e o trashcore do Municipal Waste. E como o pessoal da banda, gosto dos clássicos dos 80, como The Mission, Echo And The Bunnymene principalmente o The Smiths.

Hoje, o rock não é o gênero mais apoiado no Brasil e as bandas sofrem dificuldades para continuar na ativa. Como vocês encaram este cenário musical e como desejariam que fosse?

Marianek: O rock nunca foi o principal gênero do Brasil. Houve um ápice nos anos 80, mas há uma discussão se isso tem a ver com a mundialização do mercado musical na época ou com as condições sociais da redemocratização, que gerou uma cultura de resistência no país. Mas em todo o caso, o rock tem uma vida difícil aqui, já que concorre com outros estilos fortes.

Salgueiro: Isso mesmo! Esta claro pra todos. O Brasil tem uma forte cultura impregnada em todos os cantos e o rock, infelizmente, não tem muito destaque diante dessa monopolização musical. Mas enfim, hoje em dia perdeu força e temos que saber aproveitar as oportunidades do pequeno espaço que nos sobrou. Ficamos muito felizes com o retorno de rádios que trazem o rock 100% consigo e que nos conforta por ajudar na sobrevivência do rock no país. E além das rádios temos ainda a internet, que facilita a defesa e exposição de ideias, inclusive musicais, dando mais liberdade e facilidade para a divulgação de novos sons e bandas.

Marianek: É! Com a internet houve uma certa democratização da informação e hoje em dia as bandas não precisam mais necessariamente estar atreladas a uma grande gravadora. Apesar que isso também gerou uma fragmentação do mercado musical, que já é outra discussão.

Muitas bandas, principalmente no começo, se sujeitam até a pagar pra tocar em alguns lugares. Já ocorreu essa situação com vocês? O que vocês acham disto?

Mauricio: Ah sim! Nós vemos muito isso acontecer e somos totalmente contra. Nós não tocamos nesse tipo de esquema de forma alguma. O engraçado é que os produtores que organizam esses eventos, vêm oferecendo o show como se estivesse te ajudando ainda , “dando o espaço” para tocar.

Danilo: O que é realmente o contrário. Quem esta tocando tem gastos, com instrumentos, ensaios , deslocamentos, trabalho, porque tocar é um trabalho também que não é reconhecido, mas é. Sabemos que os produtores tem gastos também, mas deve ser pensando algo em que todos possam ganhar, não só no lucro fácil. A maioria desse tipo de produtor é preguiçoso e não quer construir nada, fazer um show legal, quer ganhar dinheiro, geralmente com bandas de meninos que estão começando e esse tipo de comportamento só desgasta mais ainda a cena do rock no Brasil.

Recentemente vocês participaram do programa Lado B, do canal Super Mix, que tem bom alcance em termos nacionais. Como surgiu a oportunidade de vocês participarem do programa e se a experiência de tocar ao vivo para as câmeras foi muito diferente de tocar em um show.

Danilo: O convite para participar do programa veio apos a divulgação do video clipe da nossa musica, Sentido Desfigurado. Ficamos muito felizes com o convite e aceitamos. Gravar um programa de TV foi inédito pra gente e o desconhecido deixou todo mundo bastante ansioso, mas nos divertimos muito gravando e muito mais assistindo o programa em casa.

Salgueiro: Tocar para as câmeras rola uma tensão, é diferente, temos que ficar ligados no tempo, no posicionamento, é tudo muito regrado, mas a equipe/produção do programa nos deixou bastante a vontade e foram bastante solícitos e amigos, o que ajuda muito pra um bom resultado. Agora tocar em show ao vivo, também rola uma tensão, mas temos que ter muito mais jogo de cintura, porque não existe errar e começar de novo, e também estamos lidando diretamente com as pessoas, pulando, cantando e soando junto com elas, o que também é muito bom. Fazer o nosso som de qualquer forma nos deixa plenamente satisfeitos.

O Munich já possui músicas online disponível para download. Vocês cogitam lançar um disco físico?

Marianek: Por enquanto não. Vamos lançar o nosso EP, Sentido Desfigurado, virtualmente e vai conter sete músicas; 5 das que estão na internet e mais duas inéditas. As músicas foram gravadas no estúdio Hot Jail, em São Bernardo do Campo, com nossa produção e do Joe Marshall, que deu uma super força pra gente, a arte ficou por conta da Renata Basílio, que tirou as fotos e do Camilo Mallone, que cuidou do design.

Vocês já gravaram o primeiro vídeo-clipe, da música Sentido Desfigurado. Conte-nos como foi a experiência e porque escolheram esta música.

Salgueiro: Escolhemos a musica Sentido Desfigurado, que veio posteriormente da música Te Chamei Para Dançar. Havíamos pensado em fazer o videoclipe dela, mas Sentido Desfigurado trouxe a energia que queríamos naquele momento. Fizemos um dia inteiro de gravação externa por São Paulo e um dia de gravações da banda. A ideia foi mostrar a desvalorização do trabalhador e as condições que isso gera. Foi uma experiência nova, que deu muito trabalho mas que valeu muito a pena.

Danilo: Contamos mais uma vez com ajuda de amigos que trabalham na área e que deram uma grande força. A produção e edição ficou por conta do Tiago Trujillo. Renato Gonçalves e Renata Basilio deram uma força nas gravações das imagens e a Lígia Rosa na iluminação. Gostamos muito do resultado, esperamos que todos gostem também.

Qual foi o show mais memorável que vocês já fizeram e por que?

Salgueiro: Não existe um show memorável, todos os que fizemos desde o começo da banda foram muito importantes e teremos boas lembranças de cada um, até porque estamos em progresso constante em cada show e como levamos um som novo em cada um, temos momentos e reações do publico diferentes. Ainda bem que são sempre positivas. Na verdade, o que torna o show memorável é quando descemos do palco e escutamos coisas boas das pessoas, nos dá a sensação de dever cumprido e de que temos que sempre fazer melhor do que hoje. Não tem preço sentir a energia das pessoas junto com a sua.

O Artescétera é um blog que defende e divulga todos os tipos de arte (música, cinema, fotografia, artes plásticas, etc). Para finalizar a entrevista, gostaria que vocês deixassem uma mensagem para os leitores do blog, defendendo o porquê a arte é tão importante (qual a diferença que ela faz) na vida das pessoas.

Marianek: A arte é um aspecto essencial tanto do coletivo quanto do individuo, é uma necessidade humana, a de se expressar, expressar o seu tempo, isso desde os tempos primitivos e através de qualquer uma de suas variantes como a música, pintura e etc. E por isso achamos que as manifestações artísticas tem que alcançar a todos , em todos as classes e estratos.

Mauricio: Para nós, a música tem uma importância incrível e sentimos que sem ela é como se faltasse algo, sei lá como a água. Precisamos dela todos os dias. Se você que está lendo isso e tem desejo de desenvolver algo, vá la e faça!!
Danilo: Não temos duvida que a arte, qualquer que seja, transforma o mundo e as pessoas. É a mais bonita expressão e comunicação entre os seres humanos, transgride entre o amor e o ódio de forma saudável

Salgueiro: Na arte não existe o que é certo ou errado. É simplesmente a entrega do seu ser, do seu momento, do seu interior, pra que seja admirado por você ou por quem você mais queira. É algo que não precisamos ter receios de arriscar, podemos ser livres sem medo, sem regras impostas.