Termo de cooperação com o Consórcio Intermunicipal Grande ABC também contempla o desenvolvimento de plataforma diagnóstica e sistema de vigilância para arboviroses nas sete cidades da região
Consórcio Intermunicipal Grande ABC, Fundação do ABC (FUABC) e Faculdade de Medicina do ABC (FMABC) deram início em 7 de março às tratativas para um termo de cooperação técnica que prevê o acompanhamento especializado de gestantes com suspeita de Zika vírus nos ambulatórios de alto risco da instituição, assim como dos recém-nascidos – com microcefalia ou não. A presidente da FUABC, Cida Damaia, informou que a parceria inclui pesquisa sobre arboviroses – doenças transmitidas aos humanos por meio de insetos –, com destaque para a dengue, Zika e febre chikungunya. “As sete cidades da região do ABC passarão a contar com uma plataforma diagnóstica e um sistema de vigilância contra esses vírus”, explicou.
Trata-se de projeto de pesquisa da Faculdade de Medicina do ABC, coordenado pelos pesquisadores Fernando Luiz Affonso Fonseca, Beatriz Alves, Flavia de Sousa, Gabriel Laporta e Renato Pereira de Souza. Em fase de aprovação para financiamento pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, e pela FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, o estudo será desenvolvido em parceria com o Instituto Adolfo Lutz, ligado ao Governo do Estado. A partir da cooperação técnica, os municípios do ABC participarão com a coleta de material e amostras de sangue.
“Pacientes da região do ABC entre 18 e 70 anos, com suspeita de dengue, Zika ou chikungunya, terão coletadas duas amostras de sangue. A primeira seguirá para o Instituto Adolfo Lutz, dentro do fluxo convencional de notificações já vigente. A segunda virá para a plataforma da FMABC, onde será feito o diagnóstico molecular. Casos positivos serão confirmados em testes validados pelo Instituto Adolfo Lutz”, detalha o vice-diretor da Medicina ABC, Dr. Fernando Luiz Affonso Fonseca, que acrescenta: “As amostras negativas serão direcionadas para uma segunda plataforma de estudo, em que verificaremos a presença de outras arboviroses, geralmente negligenciadas, mas que já circulam no Estado de São Paulo: Rocio, Mayaro, Oeste do Nilo e Encefalite de São Luís”.
A partir dos casos positivos para dengue, Zika ou chikungunya, equipes da Faculdade de Medicina do ABC darão início a trabalho de campo em busca de mosquitos nas regiões de origem dos pacientes. “Os mosquitos coletados serão inseridos em nossa plataforma diagnóstica e analisados para confirmação ou não da presença dos vírus. A partir dos resultados, será possível mapear as regiões com maior incidência das doenças e subsidiar o Poder Público com informações que permitam o combate mais efetivo e direcionado ao Aedes aegypti”, explica Dr. Fernando Fonseca.
ACOMPANHAMENTO ESPECIALIZADO
Além do diagnóstico molecular das amostras de sangue, da plataforma diagnóstica e sistema de vigilância contra os vírus transmitidos pelo Aedes, a Faculdade de Medicina do ABC está criando grupo multiprofissional para o acompanhamento especializado de gestantes com suspeita de Zika vírus, assim como dos recém-nascidos – com microcefalia ou não.
Os professores Rubens Wajnsztejn, de Neuropediatria, e Maria Angela Zaccarelli Marino, de Endocrinologia, estão organizando o trabalho, que contará com atendimento conjunto de médicos, psicólogos, enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais, entre outros especialistas. O fluxo assistencial ainda será definido entre os municípios e a FMABC.
COOPERAÇÃO E ACESSO
Durante a reunião no Consórcio Intermunicipal Grande ABC, a presidente da Fundação do ABC, Cida Damaia, afirmou que a instituição pretende facilitar a interlocução para o acesso a equipamentos de saúde da rede estadual. “O objetivo é minimizar os gargalos históricos de assistência à população”, disse.
O coordenador do Grupo de Trabalho Saúde do Consórcio e secretário de Saúde de Santo André, Homero Nepomuceno Duarte, destacou a importância da participação do ABC na pesquisa nacional com foco nos arbovírus, em especial as doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. “O objetivo é identificar o comportamento e a disseminação desses vírus na região. Essa frente de trabalho, de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia é importante para o Grande ABC”, ressaltou.
OUTRAS PARCERIAS
Além dos temas relacionados à dengue, Zika e febre chikungunya, Fundação do ABC e Faculdade de Medicina do ABC apresentaram aos membros do Consórcio outros projetos para cooperação técnica, entre os quais a ampliação da atuação do ambulatório de doenças raras para as sete cidades da região, o credenciamento da FUABC-FMABC para realização de exames de polissonografia e a realização de cursos de capacitação para servidores dos municípios no campo da Saúde: “Temos uma série de cursos de graduação e pós-graduação que podemos oferecer, por meio de subsídios dentro desse compromisso, atendendo às necessidades dos municípios”, declarou a presidente da FUABC.
Segundo Homero Duarte, a FUABC será convidada a acompanhar as atividades do GT Saúde da entidade regional, dando apoio aos trabalhos desenvolvidos. “A Fundação do ABC vai se aproximar ainda mais das ações regionais. Para um primeiro encontro, em que houve a apresentação da carta de intenções, já tivemos algo bem consistente”, disse o coordenador do GT.
O presidente do Consórcio Intermunicipal Grande ABC e prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, ressaltou a importância de a FUABC reforçar a atuação na região. “Quero aplaudir essa aproximação, pois a Fundação tem um papel estratégico e precisa estar presente nos sete municípios. Espero que essa atuação estimule iniciativas semelhantes em outras regiões”, afirmou.