Trabalho desenvolvido pela UBS Vila Marchi é destacado entre aproximadamente 1,6 mil experiências inscritas, de 469 cidades do Estado
A Secretaria de Saúde de São Bernardo promove entre os dias 25 e 29 de abril a Semana de Mobilização Contra a Sífilis, que envolve série de atividades de sensibilização e capacitação dos trabalhadores da saúde. O objetivo é fortalecer as ações da Atenção Básica no sentido de identificar e tratar os casos da doença, sobretudo entre as gestantes e seus parceiros.
A abertura da semana, na segunda-feira (25), será feita no Centro de Formação dos Profissionais da Educação (Cenforpe) e terá roda de conversa com os agentes comunitários de saúde sobre as características e riscos da doença, e meios de prevenção. No dia 26, trabalhadores das Unidades Básicas de Saúde (UBSs) se reúnem no auditório da Faculdade Anhanguera (Rudge Ramos) para conhecer as experiências exitosas de combate à sífilis realizadas por cada um dos nove territórios. Nos dias 27 e 28, as equipes discutem internamente, em cada unidade, estratégias de intervenção de monitoramento para a sífilis, priorizando a gestante, a parceria sexual e a criança. As propostas pactuadas serão apresentadas no encerramento da semana, dia 29.
A sífilis é uma doença sexualmente transmissível que, na maioria dos casos, não apresenta sintomas entre a maioria das mulheres infectadas – nos homens, a ulceração nas genitálias é mais visível nos estágios iniciais. O organismo contaminado pela bactéria Treponema pallidum pode passar anos sem manifestar graves complicações, mas após dez anos de contágio pode provocar quadros de demência e alterações cardíacas. O risco maior e imediato está entre as gestantes com a doença, uma vez que elas podem transmiti-la aos bebês.
“É o que chamamos de sífilis congênita. A transmissão pode ocorrer em qualquer estágio da gravidez, o que provoca danos bastante graves, a começar pelo abortamento. Além disso, a criança que nasce infectada pode apresentar lesões na pele e mucosas, alterações nos ossos, surdez, cegueira e comprometimento neurológico significativo, com sequelas graves no processo de desenvolvimento”, explica a infectologista Mariliza Henrique Coelho Rocha, coordenadora do Programa DST/Aids /Hepatites de São Bernardo.
A rede municipal disponibiliza o teste rápido para sífilis em todas as UBSs da cidade, assim como o tratamento para a doença, feito com aplicações de penicilina. Tanto a pessoa infectada quanto sua parceria sexual devem se submeter à terapia indicada, que dura em média três semanas. Mesmo com a garantia de todos os recursos e facilidade de acesso, os casos de sífilis congênita vêm aumentando. Em 2011, foram 28, contra 55 em 2015.
“Essa é uma tendência preocupante em todo o País. Avançamos muito na detecção precoce dos casos de sífilis em gestantes, mas a adesão ao tratamento ainda não é satisfatória, principalmente por parte dos parceiros dessas mulheres. Muitas vezes a mulher segue todas as recomendações, mas acaba reinfectada, colocando a gestação e o bebê em perigo. É por isso que estamos promovendo essa grande mobilização, para que nossas equipes possam atuar de maneira mais incisiva tanto na identificação quanto no monitoramento desses casos”, avalia a diretora do Departamento de Atenção Básica Isabel Fuentes.
A diretora ressalta que o tratamento contra a sífilis é 100% eficaz, mas a doença deixa no organismo uma espécie de cicatriz sorológica, que precisa ser verificada periodicamente e registrada na caderneta da gestante. “Se a mulher fez o tratamento no início da gravidez, é possível que os exames feitos na maternidade ainda revelem traços da doença. Se não houver informações suficientes no prontuário, que comprovem que ela fez tratamento e monitorou a presença da bactéria, o bebê será enquadrado no protocolo da sífilis congênita, e terá de passar pelo menos dez dias internado. Por isso o acompanhamento rigoroso do pré-natal é tão importante”, conclui.