Boletim especial da PED apresentado no Consórcio aponta melhores condições de inserção profissional para os jovens da região
A taxa de participação dos jovens de 16 a 18 anos no mercado de trabalho no ABC caiu de 61,6%, em 2000, para 50,7%, em 2015, devido aos aumentos da frequência escolar e do nível de escolaridade. Os dados constam do Estudo Especial “Jovens, Escolaridade e Mercado de Trabalho na Região do Grande ABC”, elaborado pela Fundação Seade e Dieese, em parceria com o Consórcio Intermunicipal Grande ABC. O trabalho, realizado a partir das informações da Pesquisa de Emprego e Desemprego, analisou as condições de atividade dos jovens na faixa etária de 16 a 24 anos, comparando os biênios 1999-2000 e 2014-2015.
“A entrada tardia no mercado de trabalho tem grande relação com a maior frequência escolar. Quanto maior for seu nível escolaridade, melhores são as condições de inserção para o jovem no mercado de trabalho”, afirmou Alexandre Loloian, economista da Fundação Seade, durante a divulgação da pesquisa, na sede da entidade regional.
O estudo aponta um índice de desemprego mais elevado para os jovens de 16 a 24 anos em relação a outros grupos etários, devido à pouca ou total falta de experiência anterior de trabalho. Por isso, quanto menor a faixa etária, maior é a taxa de desemprego, de acordo com o coordenador do estudo. Entre 2014 e 2015, o desemprego entre os jovens de 16 a 24 anos passou de 23,1% para 26,6%. “É necessário criar políticas explícitas para auxiliar a inserção dos jovens no mercado de trabalho”, defendeu Loloian.
Entre os biênios 1999-2000 e 2014-2015, também cresceu a parcela dos jovens que se dedicam exclusivamente ao trabalho, principal condição de atividade para aqueles de 16 a 24 anos. A proporção de jovens nessa situação cresceu de 32,5% para 35,6% no período analisado, enquanto a parcela dos que só estudam aumentou de 13,9% para 18,7%, no mesmo intervalo. O percentual dos jovens que estudam e trabalham registrou crescimento menor, 18,8% para 19,3%. Ao mesmo tempo, diminuiu a proporção dos que estão desempregados e não estudam, de 12,3% para 10,5%, e dos que estudam e estão desempregados, de 11,5% para 7,6%.
Esses movimentos podem ser explicados, em grande parte, pelo período de crescimento econômico e do emprego, que propiciou mais oportunidades de trabalho para os jovens, de acordo com Loloian. Ao mesmo tempo, o aumento da proporção de jovens de 16 a 24 anos que se dedicam exclusivamente ao trabalho tem relação com a situação socioeconômica familiar. “Em uma família com menor poder aquisitivo há menos oportunidades para que o jovem se mantenha estudando. Já uma família com remuneração razoável incentiva o jovem a continuar os estudos”, explicou.
Famílias de baixa renda
Quando se compara a mesma condição de atividade segundo grupos de rendimento médio familiar per capita, fica evidente a maior vulnerabilidade dos jovens de famílias de baixa renda em relação àqueles de famílias com rendimento mais elevado. Essa comparação mostra que a distância existente entre os jovens destes grupos que só estudam diminuiu consideravelmente. Se em 1999-2000 as proporções eram 13,4% e 18,5%, respectivamente, em 2014-2015 elas passaram a ser 19,1% e 22,2%.
Também diminuiu a distância entre os que só trabalham. Em 1999-2000, estavam nessa condição 20,4% dos jovens de famílias de baixa renda e 34,6% nas com rendimento mais elevado, passando para 23% e 37,3%, respectivamente, em 2014-2015. “Apesar de aumentarem as oportunidades de ocupação para os que fazem parte de famílias mais pobres, ainda permanece a desigualdade de oportunidades entre os jovens em faixas de renda diferentes”, explicou o técnico da Fundação Seade.
Após a apresentação, o coordenador do Grupo de Trabalho Juventude do Consórcio, Dario do Carmo Filho, destacou a importância do estudo para a definição de políticas públicas voltadas aos jovens.