De olho no futuro político.

Entre o primeiro e segundo turno das eleições municipais pelo país, é possível dizer que os partidos mais identificados com mudanças cresceram, enquanto aqueles mais identificados com o conservadorismo perderam espaço, embora continuem fortes. Mas, depois que as urnas foram fechadas e os resultados saíram, também foi possível constatar que se chamuscaram – apesar de não perderem a pose – os analistas-torcedores que haviam tentado impor derrotados antes do tempo. Eles também já estão de olho em 2014. PT e PSB se fortaleceram após os resultados. Muitos dos famosos analistas apostavam que os petistas perderiam espaço por causa do processo do mensalão, cujo julgamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF) coincidiu com o período eleitoral. Provavelmente atrapalhou, mas ainda assim o partido viu o número de prefeituras sob seu comando crescer 12% em relação a 2008. O PSDB ficou mais frágil e tenta atenuar as derrotas, principalmente em São Paulo.
Um olhar um pouco mais para trás permite constatar que as mudanças nem são tão recentes. O PT tem agora 11,2% das prefeituras brasileiras (624). Tinha 3,4% em 2000, 7,4% em 2004 e 10% em 2008. O PSB foi de 2,4%, em 2000, para 7,6% agora (436 prefeituras). O PSDB, numericamente, tem mais prefeituras (689), mas registra queda constante:17,8% das prefeituras em 2000, 15,6% em 2004, 14,2% em 2008 e 12,3% agora. O PMDB, ainda líder (1.019 prefeituras), passou de 22,6%, em 2000, para 18,3%. O DEM – ao lado do PSDB o principal grupo de resistência ao lulismo – segue em crise. Perdeu quase a metade das prefeituras em relação a 2008 e agora tem menos de 5%. Nos tempos de PFL, ainda em 2000, tinha mais de 18%. Saído da costela do DEM, o PSD ficou com o comando de9% dos municípios. O partido ainda é um caso a ser analisado sobre os rumos que vai escolher. Consta que saiu de dentro do DEM para assumir feição de “centro” e aderir à base de apoio do governo Dilma.
Enquanto o DEM está minguando o PSB é uma força que não se pode desprezar. Tradicionais aliados, PSB e PT se desentenderam em duas capitais importantes: Belo Horizonte e Recife, mas o partido garante que seguirá com Dilma, embora entenda que é legitimo querer crescer. Os atuais prefeitos eleitos devem se preocupar também com outro recado vindo das urnas. O total de abstenção foi de 18,48% ante 15,63 de 2008. Os votos em branco foram de 3,34% de 2008 para 5,43% atualmente, e os nulos de 4,58% da eleição passada para 7,35% hoje. Pode ser um sinal que os eleitores esperam uma política baseada em propostas para as cidades, para o dia a dia, e não uma estratégia concentrada na agressão e em tentativas de misturar o foco das promessas de mudanças apresentadas durante a campanha.