Nunca vi uma sequência como a que estamos vivendo na atualidade. Até nos jogos da copa mundial o que interessa é quem chuta os valores mais altos. Nesta apresentação aprendemos lições de vida.
Alguém já comentou que estamos pouco ligados ao convescote esportivo que se desenrola onde se reúnem atletas capitalistas para a distração camuflada global. A mídia aproveita para chutar alto e auferir lucros astronômicos com a divulgação de imagens altamente valorizadas e caras e que dão a volta ao mundo. Esse brilho enganoso me fez lembrar de cenas da infância, em Leme-SP.
O campinho de futebol localizado no terreno em frente de casa era o ponto de reunião da criançada no final da tarde. Na escolha dos jogadores de um e de outro time, preferia ficar por último e quase sempre designado para onde ninguém queria: a posição de goleiro. Eu gostava, por uma razão simples. Parado no gol poderia apreciar os belos caquis nas árvores do terreno vizinho. Havia outro motivo adicional.
As bolas altas e velozes que o goleiro não pegava invariavelmente caiam no vizinho. Era a minha chance de ver de perto as frutas ao buscar a bola perdida e eis que um dia aconteceu o inesperado.
A bola batera na copa alta do caquizeiro, derrubou vários caquis maduros e justamente naquele momento apareceram os donos que deram a maior bronca no goleiro frangueiro.
Fui punido duplamente. Pelo meu time derrotado e por ter perdido a chance de experimentar os apreciados caquis maduros que desconfio até hoje terem sido os alvos dos chutes. Por causa daquele acidente esportivo desastroso apareceu no dia seguinte um aviso lá na cerca do vizinho: BOLA ALTA NA COPA, NÃO.
Hoje, os apreciados caquis são os altos valores disputados atrás da linha do gol.
E o goleiro é sempre o culpado!
Francisco Habermann
fhaber@uol.com.br