O Câncer nos Braços da Mãe

Ala Voloshyn

Ala Voloshyn

11 de Setembro

Não há nada mais impactante que receber a notícia de um câncer, especialmente quando se trata de seu filho. Não quero me aprofundar na questão do que isto significa para o paciente e o quão forte é para ele a vivência da luta pela vida, especialmente se não estiver na infância, pois parece que as crianças tratam com mais leveza este desafio. Quero aqui mergulhar na posição da mãe.

Quando nos defrontamos com mais esta lição da vida, todos naturalmente se voltam para aquele que vive a doença, mas muitas vezes a mãe que está junto, não recebe os cuidados como precisa.

Nós mães nos colocamos em posição de luta sem limites, fazemos tudo o que está ao nosso alcance, damos nosso tempo e energia para que o filho consiga vencer todos os desafios que encontra neste caminho, tão estreito e difícil. A angústia, o medo, a insegurança e a necessidade de confiar no médico e sua equipe são inevitáveis e intransferíveis. Igualmente importantes são a esperança, fé, coragem e tenacidade. E tudo isso é vivido pela mãe também, que muitas vezes não se atenta para si, só quer lutar e vencer com seu filho.

Nem sempre recebemos o apoio e cuidados que merecemos. Nem sempre há sensibilidade e habilidade à disposição para o amparo. Nem sempre desconfiamos que podemos adoecer pelo desgaste físico, mental e emocional que vivemos, por tempo às vezes longo demais para nossa vontade. Só queremos ver nosso filho à salvo. Só queremos que ele consiga absorver uma das maiores lições da vida que uma doença pode nos dar Vida! Sim, vida, pois o câncer nos mostra claramente a importância de cuidarmos do nosso corpo, das nossas emoções, ações, pensamentos, ambiente, relações. Nos mostra a amplitude de nossa força, fragilidade e o quanto a vida é o maior bem que temos.

Deixar a vida passar sem nada acrescentar de importante é não lhe dar a devida atenção. Deixar a vida passar vivendo-a no automatismo da rotina é não saber o quanto temos a aprender.

Viver junto ao filho todas as emoções e desafios que uma doença deste porte pode nos dar é lutar como mulher, que recebe da natureza a incumbência de conduzir e manter a vida protegida. Quando nos tornamos mães sabemos bem lá no fundo do nosso coração o que isto significa e é este coração que sofre a agressão pungente e nos faz reagir instintivamente defendendo uma função que pela vida temos que realizar.

Por tudo, peço por atenção e cuidado às mães guerreiras, para que a luta não seja solitária. Somos feitas de carne, ossos, nervos, emoções e nossos limites como seres humanos são reais, mesmo que não nos importemos com isso. Pela urgência dos fatos podemos não nos dar a necessária atenção e, inclusive por isso, precisamos de apoio, pois o combate é forte.

Sei que sairemos melhores disso, mas a solidariedade faz toda diferença nesta trilha que chamamos vida.

Ala Voloshyn

Ala Voloshyn

Psicóloga. Escritora. Blogueira. Contadora de Histórias. Mediadora de Conversa Filosófica. Blogs: alavoloshyn, livrosvivos - SoundCloud