“As palavras se diluem no ar e Zohra mergulha num sono profundo. Sonha com o pai e outros tuaregues jogando as redes nas águas do mar. Depois, eles as recolhem cheias de peixes e estrelas. Guardam os peixes nas cestas e jogam as estrelas para o alto, uma por uma, e elas vão se pendurando no céu.” Não é lindo o texto? É um pequeno trecho deste livro, que é encantador desde a primeira página até a última. A narrativa e as belas ilustrações compõem esta obra que fala de uma menina tuaregue chamada Zohra. Ela ajuda sua mãe nas tarefas, conhece bem o calor e a areia do deserto que constrói as dunas, imagem constante para a menina delicada, mas muito esforçada. Numa tarde, pela primeira vez, a menina toma chá com a mãe, os avós, sua amiga Tinedla e suas tias. Enquanto a avó conta uma história antiga quando o deserto era um imenso mar azul, onde o vento formava grandes dunas de água, Zhora no embalo das palavras adormece e sonha. O mar toma conta de sua mente e a menina, encantada, vê seu pai tornar-se um pescador em cenas de peixes e estrelas. Quando é acordada pela mãe, deseja conhecer o mar com o pai. Zhora vive entre dois mundos: o que conhece e o que deseja conhecer. Quando o pai volta com a caravana que foi buscar sal, traz para a filha uma linda concha. É através dela que a menina ouve o som do mar quando a aproxima do ouvido e deseja mais ainda vê-lo. Seu pai lhe promete que quando completar treze anos a levará consigo em caravana para conhecer o mar. E assim, ela espera chegar o dia de sentir a água salgada, ver as estrelas e os peixes que vivem em seu sonho. O texto é de Javier Sobrino, espanhol, nascido em 1960. Professor e escritor de educação infantil. As belas ilustrações são de Alfonso Ruano, também espanhol, nascido em 1949. Mergulhem no sonho de Zhora e se encantem com este poema em forma de livro.