Crianças e dinheiro combinam?

Bruno Chacon

Bruno Chacon

25 de Fevereiro

Quem nunca ouviu uma criança falar “pai, eu quero isso”? Não é difícil achar em shopping, crianças chorando por querer muito alguma coisa e os pais dizendo não, por não ter condições de comprar tudo que elas desejam. Em supermercados é a mesma coisa, de um lado do carrinho está a criança colocando o salgadinho, chocolate e bolachas, e do outro lado os pais tirando tudo que o filho colocou, e como resultado final, o pobre coitado chora sem entender o porque não pode ter o que quer. Mas afinal, quem está errado? O filho que deseja tudo que vê, ou os pais que só dizem não, sem mostrar à criança o verdadeiro valor do dinheiro? O problema é que os pais não educam os filhos sobre o quanto é difícil ganhar dinheiro.
Um dos maiores problemas dos brasileiros é não conversar sobre finanças pessoais com os filhos, uns acham que é assunto para adulto, outros acham que é até pecado falar sobre dinheiro perto de crianças. A verdade é que, enquanto elas não souberem de onde vem e o quanto é difícil ter dinheiro, elas vão querer tudo que vê pela frente.
Por isso o ideal é deixar bem claro, desde cedo, que o dinheiro vem daquele trabalho onde os pais passam a maior parte do dia fora de casa, que tudo que ela vê nos comerciais de televisão, nas vitrines e supermercados, tem seu preço.
Não fique com medo de falar sobre esse assunto com seus filhos, quanto antes eles aprenderem, melhor. Eles começarão a dar valor ao seu salário, irão começar a olhar os preços das prateleiras, e mudarão a forma de falar de “eu quero isso” para “está caro isso?”. E certamente fará a diferença não apenas no seu bolso, mas também no futuro da criança, ela dará mais valor às coisas, irá aprender mais cedo a poupar para comprar o que deseja, aprenderá a pesquisar valores, entre outros.
Além da conversa, existem outras formas de educar uma criança a dar valor ao dinheiro, uma delas é a famosa “mesada”. Para muitas famílias, a mesada deixou de ser uma forma de educar as crianças e passou a ser um “direito” que seus filhos possuem. Antes de mais nada, deixe claro que a mesada é uma forma de fazer a criança a aprender a lidar com o dinheiro, aprender a dar valor e a poupar para conquistar seus desejos. O ideal é dar o dinheiro em troca de pequenas ajudas domésticas, para aprenderem que o dinheiro vem do trabalho, ou seja, do “suor”. Então peça para que ela ajude a secar louça, arrumar a cama, e fazer a lição da escola, em troca ela ganhará a mesada, ou “semanada”.
Outra questão que os pais sempre abordam é o valor da mesada. Sempre indico um artigo que está no site da BM&FBovespa, escrito pela Cassia D’ Aquino (especialista em educação financeira). No artigo ela diz que crianças de 3 a 5 anos devem receber R$1,00 por semana. Dos 6 aos 11 anos a criança precisa receber R$1,00 multiplicado pela idade da criança, isso por semana também. A partir dos 12 anos, deixar de pagar por semana e começar a famosa mesada (mensal). Dos 12 aos 14 anos, deve multiplicar a idade por R$8,00. Dos 15 aos 18, multiplica-se a idade por R$12,00. Vale lembrar que a mesada é uma forma de aprendizado e não um dever que as crianças possuem. Se não tiver condições financeiras de educar desta forma, procure outra forma, possuem livros, artigos e até mesmo a conversa aberta, tudo isso pode servir como aprendizado para as crianças.