“Uma gestão voltada para o fortalecimento da Universidade”

Eleito Reitor da USCS – Universidade de São Caetano do Sul pela primeira vez em 2013, o Prof. Marcos Sidnei Bassi conseguiu implantar uma dinâmica diferenciada na entidade pública. Implementou novos cursos de graduação, lato e stricto sensu, ampliou o número de campus e de alunos.

Criou, em conjunto com a Prefeitura de São Caetano, o Colégio Universitário. Dirigiu por 5 anos a Associação das Instituições Municipais de Ensino Superior do Estado de São Paulo. É Conselheiro do Conselho Estadual de Educação desde setembro de 2018. Presidiu até março desse ano a AUALCPI – Associação de Universidades da América Latina e Caribe para a Integração.

É Sociólogo pela USCS (na época IMES), pós-graduado Lato Sensu em Administração pela USCS, Mestre em Administração pela FGV-SP, Bacharel em Direito pela USCS e Doutor em Sociologia pela PUC-SP.

Jornal Imprensa ABC: Você poderia nos contar como foi sua trajetória como aluno e professor dentro da USCS?

Eu me graduei em Ciências Políticas e Sociais aqui na USCS (na época IMES) em 1987. Entrei como professor no ano de 1989 para lecionar a disciplina Mudança Organizacional a convite do Prof. Osni de Resende. Nesse período, além das funções de professor, fui Vice-Diretor da Mantenedora e, após a mudança na Estrutura da USCS, fui Pró-Reitor Administrativo e Financeiro na gestão do Prof. Silvio Minciotti. Fui nomeado Reitor em 2013, sendo reconduzido para um segundo mandato que se encerrou agora no inicio de junho/20.

Imprensa ABC: O que o Sr. destacaria num Balanço de sua gestão à frente da USCS nesses quase 8 anos?

Eu organizaria nossas ações em 3 grandes áreas. Primeiro, uma reorganização administrativa, organizacional e financeira visando equilibrar a relação receita e despesa (vínhamos acumulando déficits nos anos anteriores em razão da queda do número de alunos devido à situação do ensino superior no Brasil). Isso também nos levou à criação de novos cursos buscando readequar-se às necessidades locais e regionais. Nesse contexto é que foi criado o curso de Medicina, o que também propiciou o fortalecimento de todos os outros cursos na área da saúde.
Ainda dentro do contexto da organização, destaco a elaboração do Plano Estratégico de Desenvolvimento USCS 2030. Foram quase dois anos de trabalho envolvendo o corpo diretivo coma participação de funcionários administrativos e docentes para estabelecer um plano estratégico com o horizonte de 10 anos. Além do aspecto de planejar, que é fundamental para a Universidade num período de tantas mudanças disruptivas, destaco na elaboração desse plano dois aspectos: primeiro, o envolvimento de um conjunto significativo de pessoas. Penso que, com isso, todos podem se apropriar do plano e incorporá-lo. Outro aspecto significativo é buscar sempre relacionar nossas atividades atuais e futuras aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da ONU. Pessoalmente, acredito que o que fazermos deve guardar relação direta com o bem-estar da humanidade. Sem isso, nossas ações pessoais e institucionais perdem o sentido.

A segunda área que destaco é o incremento das atividades de extensão. Notadamente no meu segundo mandato, com a administração do Prefeito José Auricchio, foi possível estabelecer vínculos mais profundos na atuação dos nossos alunos nos serviços públicos enquanto prática de campo de estágio. Isso foi fruto de uma percepção bastante aguçada do Prefeito Auricchio. Ele teve a sensibilidade de perceber que o “DNA” de uma Instituição Municipal de Ensino pode potencializar as políticas públicas nas áreas de sua atuação. Isso ocorreu fortemente na área da saúde com os cursos de Medicina, Enfermagem, Fisioterapia, Nutrição e Farmácia. E agora também com os novos cursos de Medicina Veterinária e Odontologia.

A terceira área que destaco refere-se à internacionalização da USCS. Hoje temos mais de 70 convênios internacionais com grandes Universidades em todos os continentes. Realço nesses convênios a nossa participação no Programa Eramus+ da Comunidade Europeia com possibilidades de verbas para financiamento de pesquisas acadêmicas e o convênio de dupla titulação com a “Università degli Studi della Campania Luigi Vanvitelli” em Nápoles, onde nossos alunos e alunas de Direito podem obter uma dupla titulação, tanto aqui no Brasil como na Itália. Aliás, decorrente dos Convênios Internacionais que sentimos a necessidade de suplantar uma barreira impeditiva da mobilidade estudantil, que é o domínio da língua inglesa. Nesse sentido, a USCS disponibiliza hoje, gratuitamente para todos os alunos, professores e funcionários, uma plataforma de ensino de línguas via EAD. Inicialmente colocado como opção, hoje tornou-se uma disciplina obrigatória. Não há como pensar a mobilidade sem essa com-petência.

Imprensa ABC: Quando o senhor foi eleito pela primeira vez Reitor, a USCS só possuía o campus Barcelona e o Centro. Conte-nos um pouco dessa expansão.

O processo de expansão acompanhou naturalmente o crescimento do número de alunos e a oferta de novos cursos. Nesse período implantamos o campus Bela Vista, o da Pós-Graduação Lato Sensu no centro de São Caetano e o campus Conceição. No mês passado (maio/20) conseguimos autorização do Conselho Estadual de Educação para instalarmos um campus na cidade de Itapetininga. Pessoalmente creio que no projeto de Itapetininga poderemos replicar o mesmo modelo que estabelecemos aqui em São Caetano, focado na potencialização das políticas públicas municipais em áreas estratégicas como saúde, educação e desenvolvimento econômico.

Imprensa ABC: Na sua administração foi criado, em conjunto com a Prefeitura de São Caetano, o Colégio Universitário USCS. Qual é a proposta do Colégio?

Eu reputo que o que estamos desenvolvendo no Colégio será uma das mais vibrantes e rica experiência que vivenciaremos em termos de educação no município. Acredito que o modelo que estamos desenvolvendo no colégio se antecipa na prática às discussões que ainda estão sendo feitas sobre o conteúdo e a materialização das Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio.

A “alma mater” do Colégio é possibilitar ao aluno do Ensino Médio enxergar perspectivas de vida pessoal e profissional através da educação. Tenho convicção que isso diminuirá significativamente a evasão escolar nessa etapa da vida dos alunos.

Essa perspectiva traz uma inovação importante na medida que antecipa, já colocando em prática, as novas diretrizes do Ensino Médio, cujo currículo ainda está em discussão no âmbito do Conselho Estadual de Educação.

Imprensa ABC: Que políticas da sua gestão como Reitor da USCS (2013-2020), você destacaria como contribuições diretas para o desenvolvimento da cidade de São Caetano do Sul e da Região do ABC?

Creio que a Universidade vem participando principalmente historicamente em atividades focadas na geração de pesquisa e na consolidação de análises econômicas, como as que faz o Inpes (Instituto de Pesquisas da USCS) e o Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura.

Entretanto, as experiências de extensão dos últimos 3 anos e meio na gestão do Prefeito Auricchio demonstram claramente as possibilidades de ampliarmos essa atuação. Tomemos dois exemplos: o primeiro é o Programa Disque Coronavírus. Trata-se de um programa de atendimento e testagem domiciliar desenvolvido pela prefeitura de São Caetano e a USCS em parceria com a Universidade de São Paulo. Visa detectar precocemente a ocorrência do vírus em moradores da cidade, e assim tratá-los adequadamente. Já foram mais de 7 mil atendimentos acumulados até meados de junho, com quase 5 mil testes realizados com 1340 positivados.

O segundo exemplo é o Centro Odontológico que acabamos de inaugurar no Bairro Fundação. Uma parceria com a Prefeitura que disponibilizará atendimento à população executado através do corpo docente da USCS. Um investimento da universidade tendo com contrapartida a possibilidade de utilização como campo de aprendizagem.
Estamos esperando equacionar a questão da pandemia para colocá-lo em operação.

Imprensa ABC: Ainda nessa linha de atuação de cooperação entre Prefeitura e Universidade, que outras parcerias poderiam ser estabelecidas?

Estamos construindo dois grandes projetos nessa linha. O primeiro é o Hospital Universitário que seria implantando nas instalações onde hoje está o hospital de campanha (prédio do antigo Hospital São Caetano), o Hospital Universitário, além de propiciar aos nossos alunos dos vários cursos de saúde um ex-cepcional campo de aprendizagem, de pesquisa e de formação de residentes, São Caetano teria mais uma opção de atendimento público (SUS) e particular/convênio. O projeto é que esse hospital atenda no modelo dupla porta (público-privado).

O Hospital Veterinário insere-se na mesma concepção. Até o final do ano deverá ser instalado esse hospital também num modelo de cooperação com o Prefeitura, onde haverá a disponibilização de atendimentos públicos gratuitos aos animais domésticos de pequeno porte de nossa cidade.

Imprensa ABC: Como tem sido a experiência de ser Conselheiro no Conselho Estadual de Educação?

Tem sido uma experiência de aprimoramento pessoal e de aprendizagem incomensurável. Somos 24 conselheiros no Estado de São Paulo. É um órgão normativo, deliberativo e consultivo vinculado à Secretaria de Estado da Educação. Isto significa que todas as grandes decisões que envolvem a Educação Básica e a Superior de todo o Estado de São Paulo passam por lá.

É um aprendizado maravilhoso. Você poder participar de uma discussão com pessoas como Hubert Alqueres, Bernadete Gatti, Rose Neubauer, Ghisleine Trigo, Guiomar Namo de Mello entre outros, é um verdadeiro privilégio.