O time das “memórias do futebol mauaense” apresenta mais um de seus craques, reforço de primeira ordem na escalação dos personagens que marcaram época e fizeram a história do futebol na cidade. No passado, passagens por diversos clubes brasileiros como maestro e hoje, como professor de Educação Física, mantendo vínculos com o esporte através de sua profissão, cujo exercício realiza como a manifestação de uma mistura entre a necessidade e a satisfação. Coisas que só o futebol (ou nem ele) podem explicar. Eis Jobel Mendes Filho.
Inspirado no futebol de craques do nível de Paulo Roberto Falcão, Toninho Cerezo e Jorge Mendonça, Jobel deu seus passes iniciais no futebol atuando como “meia direita”, camisa oito, mas foi com a cinco que construiu sua carreira no futebol profissional. Como volante, além de exímio “cobrador” de faltas, armava a saída de bola da defesa para o ataque, além de cumprir também a função de marcador.
Os primeiros times e a profissionalização
Jobel é mineiro de Alfenas, cidade onde nasceu em 04 de abril de 1965, mas pode ser considerado um mauaense pois aqui chegou com seus pais e irmãs em 1969, auge do período em que Mauá sofria um processo de crescimento desordenado e a ocupação dos espaços urbanos que formaram novos bairros e ampliaram seu contingente populacional. Vindo de Minas Gerais, Jobel fixou residência no Jardim Pedroso.
Em sua infância e adolescência, Jobel estudou nas escolas Iracema Bertolaso e Viscondão, todas unidades próximas de sua casa e do campo de futebol do EC Vila Noêmia, onde tudo começou. Nesse clube amador de Mauá, Mendes começou a jogar com 11 anos e com 13, já era titular do primeiro quadro; aos 15 anos foi convocado pelo técnico Adervano Benetti para compor a Seleção juvenil de Mauá, em 1980.
No ano seguinte, foi aprovado em testes realizados pela SE Palmeiras, onde jogou pelo time juvenil do alviverde por um ano. Promovido para a categoria de juniores, transferiu-se para o EC Santo André em 1982, onde foi profissionalizado pelo técnico Jair Picerni. Pelo Ramalhão, Jobel foi convocado para a seleção paulista juvenil em 1982.
Um cigano da bola
Em meio a temporada de 1984, Jobel saiu do Santo André transferindo-se para o Grêmio Mauaense, ficando no clube de Mauá até fevereiro de 1986. Seguiu depois para o Palestra de São Bernardo (1986) e Rio Branco do Espírito Santo (1987); no clube de Cariacica ficou apenas 5 meses, voltando para o Mauaense. A sua segunda passagem pela locomotiva duraria até o final de 1988.
Em 1989 foi contratado pelo Jacareí AC, onde disputou a divisão intermediária do campeonato paulista. Com boa atuação pelo clube do Vale do Paraíba, chamou a atenção do EC Gaúcho de Passo Fundo (RS). Por esse clube, disputou o campeonato gaúcho de 1990, transferindo-se logo a seguir para o EC Juventude, onde teve curta passagem. Seguindo atuando pelo futebol da região sul, disputou o campeonato catarinense de 1991 pelo Caçadorense (1º turno) e pela Chapecoense, no segundo turno.
Uma grave contusão no joelho esquerdo abreviaria sua carreira, fazendo uso até de “infiltração” para tentar seguir jogando, o que não foi possível. Após curtíssima passagem pelo Grêmio de Porto Alegre, seguiu para o ABC de Natal, onde encerraria carreira em 1992, com apenas 27 anos.
Memórias, os jogos, o hoje
Com tantos clubes no currículo, Jobel Mendes percorreu o Brasil literalmente, de norte a sul, o que lhe confere autoridade e conhecimento sobre nossa diversidade cultural e futebolística. E também memoráveis passagens pelos campos da vida, como pelo Catarinense de 1991, quando o Caçadorense venceu o forte Criciúma de Felipão, campeão da Copa do Brasil daquele ano, com Jobel em campo.
Em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, Jobel marcaria época e gols. Pela semifinal de um torneio regional promovido pela FGF defrontaram-se os dois clubes da mesma cidade: SC Gaúcho x Passo Fundo. Ele marcou gols nas duas partidas decisivas: o primeiro, no jogo de ida, casa do rival (Estádio Vermelhão da Serra), de sem pulo e o segundo, em cobrança de falta. Em Santa Catarina, pelo Caçadorense, marcou um belo gol de falta, em pleno Orlando Scarpelli contra o Figueirense, cujo goleiro era o então campeão mundial pelo Grêmio, Mazaropi.
O atual diretor esportivo da SE Paulistinha de Mauá atuou depois de encerrar carreira profissional nas equipes amadoras do Juá e do AMPA. No time do Parque das Américas foi tricampeão como técnico (2002, 2006 e 2008). Com certeza, tanto seus dois filhos (Júlio Cesar e Leandro) como seus amigos e a comunidade esportiva de Mauá e da região podem se orgulhar desse ex-jogador, professor e autêntico boleiro que honrou várias camisas, no grande pais do futebol chamado Brasil.