A trajetória do nosso personagem da semana em nossas “Memórias do futebol mauaense” é a síntese de um fenômeno largamente observado no Brasil: a história de pessoas do povo, de heróis anônimos, verdadeiros desbravadores, líderes comunitários que incluíram o futebol em suas vidas, em seus quotidianos, em suas comunidades.
Conhecido na comunidade do Jardim Oratório, em Mauá, como “Barba”, Roberto Brasil de Souza é um dos representantes mauaenses desse fenômeno social. Barba chegou no Jardim Oratório em 1975, quando o local ainda recebia a pejorativa denominação de “Favela do INPS”; ali jogou futebol, ajudou a fundar times, ajudou a estabelecer e manter um campo de futebol até o ano de 2010, contribuiu para diversas conquistas e benefícios para o bairro e tantas outras presenças na história daquela comunidade.
Roberto Brasil, o “Barba”, nasceu na vizinha cidade de Ribeirão Pires em 23 de outubro de 1950, mas ainda garoto veio para morar em Mauá com a família em 1963, quando instalaram-se na Vila Noêmia, região central da cidade. Dez anos depois (1973) mudou-se para o Jardim Oratório.
O futebol, o Internacional
Roberto Barba não foi grande jogador, conforme ele mesmo afirma, mas nem por isso deixou de dar seus chutes e praticar o futebol como bom brasileiro e amante do esporte na “pátria de chuteiras”. Gostava de jogar com a camisa 9, a posição de centro-avante lhe agradava, mas sem muito trato com a redonda, o homem que tem Brasil até no nome destacou-se mesmo por sua paixão e dedicação intensa, exclusiva, única, ao seu alvirrubro EC Internacional.
Mas antes de seu querido Internacional, Barba teve uma curiosa passagem pelo time do Onze Primos, do qual foi um dos fundadores em 1974. Não por alguma resenha ou partida inesquecível, mas porque Roberto Barba era a única pessoa do clube que não era membro da família que dirigia a equipe. Sem espaço no time dos “primos”, Barba foi para o Internacional, rival do Onze Primos.
Histórias que se fundem
Foi a partir de sua chegada no Internacional que Barba construiu (e continua a construir) sua história no esporte de Mauá. Sua identificação com o clube foi imediata e se transformou na sua própria razão de ser e existir. No Alvirrubro do Oratório foi diretor, presidente, técnico e o mais ilustre torcedor do time. Todos associam a sua imagem ao nome do clube.
Graças ao esforço de Barba, o clube conseguiu manter seu campo próprio até o ano de 2010 (o local cedeu lugar para a construção de prédios populares), com a promessa ainda não cumprida de que receberiam novo espaço. Ele critica o desaparecimento do campo: “prometeram outro, mas até agora, nada! Isso chateia muito a gente”, afirma.
Prestes a completar 70 anos de idade, ex-metalúrgico e aposentado desde 2010, o corinthiano Barba é casado com a Sra. Maria de Souza, pai de dois filhos e avô de quatro netos. Sua família acostumou-se em vê-lo praticamente todo final de semana ativo na “beira do campo”. Por sua família, pelo Oratório, pelo Internacional.