Os processos que levaram ao crescimento desordenado da cidade de Mauá são resultados da rápida ocupação de seu espaço natural por trabalhadores que, naquele período que compreende as décadas de 50 e 60 do século XX, contribuíram com sua vasta oferta de mão de obra para o êxito da crescente atividade industrial região do ABC e com isso, com nossa expansão urbana e demográfica.
A rápida ocupação territorial da cidade e o crescimento demográfico a esse fenômeno associado trouxe para Mauá uma infinidade de migrantes, oriundos dos mais diversos estados brasileiros que, com suas histórias, tradições, costumes e generosa contribuição, deram para nosso município seus melhores exemplos e representações.
Um desses exemplos foi construído por Edvaldo Cassimiro Afonso, que nasceu em Maceió no dia 30 de maio de 1948 e um ano já estava em Mauá com a família após deixar a capital alagoana. Em Mauá fixou residência e por aqui ficou praticamente toda sua vida, exceto quando estava perambulando pelos campos de futebol de norte a sul do Brasil, em busca de uma oportunidade na carreira de jogador profissional de futebol.
Edvaldo, um cigano da bola
Antes de iniciar verdadeira peregrinação por clubes de diversos estados brasileiros, Edvaldo Cassimiro Afonso viveu em Mauá e como todo garoto que sonhava em ser jogador de futebol, estudou, trabalhou e claro, jogou muita bola. Seus primeiros chutes foram dados no Independente FC, de onde saiu para fazer testes no infantil do Santos FC. Profissionalizou-se em 1967 no Piraju Futebol Clube (SP).
Daí tem início sua trajetória cigana no futebol: Jandaia (PR), Flamengo, Grêmio Maringá (PR), Pinheiros (PR), América de São José do Rio Preto (SP), Rio Preto (também de São José do Rio Preto), Atlético (PR), Moto Club (MA), Uberlândia Esporte Clube, Atlético Goianiense, Itabuna (BA), Atlético de Lagoinhas (BA) e Vitória (BA), onde pendurou as chuteiras em 1981. Teve breve passagem como treinador do Grêmio Mauaense em 1983.
O maior clube a defender foi o CR Flamengo, onde o ex-lateral atuou como reserva por apenas seis meses, em 1970. Entrou em poucas partidas, mas fez bons amigos, como Zanata, Branco e Fio Maravilha. Suas principais conquistas foram o de campeão paranaense com o Grêmio Maringá e no Moto Club de São Luiz, onde faturou o título maranhense.
O craque que Mauá esqueceu?
O fanático corintiano Edvaldo Cassimiro rodou o mundo da bola, mas nunca perdeu seus vínculos com a cidade, voltando para Mauá após encerrar carreira. Morador do Jardim Lisboa desde quando chegou de Alagoas, trabalhou durante anos na formação de novos talentos, nas escolinhas de futebol de seu bairro.
Sua maior frustração foi não ter conquistado fama e dinheiro com a bola. “Não consegui juntar um tostão como jogador. Encerrei a carreira só com a calça do corpo”, costumava dizer. Mas certamente conquistou muitos amigos, admiradores, respeito e o carinho de todos que apreciam o futebol e seu exemplo. Edvaldo Cassimiro faleceu no dia 7 de abril de 2019 e deixou cinco filhos e um neto.