A prática do futebol na cidade de Mauá está completando cem anos por “esses dias”, quando levamos em consideração os escassos registros que apontam para a realização da partida entre o antigo Pilar FC e o Industrial entre os anos de 1920 ou 1921. A data exata é desconhecida, mas aquele jogo marcou a pioneira apresentação do alvinegro mauaense AA Industrial, um dos mais antigos e tradicionais clubes da região, que em 2021 completará centenária existência.
É provável que antes desse jogo, outras pelejas já alegravam as monótonas tardes das crianças do pequeno distrito, que brincavam de jogar bola nos campinhos improvisados próximos a estação. Mas foi com o surgimento dos primeiros times “oficiais” do local (Pilar FC em 1919 e AA Industrial em 1921) é que o futebol ganhou espaço no quotidiano da cidade.
Com os primeiros clubes, os primeiros campos, os primeiros craques. Antigos jogadores que atuaram em tempos imemoriais da história do futebol mauaense, cujo resgate e disponibilização para conhecimento público se faz necessário em nome da preservação da memória local.
Guilherme Napoli
Guilherme Napoli foi talvez o primeiro grande craque do Industrial e um dos primeiros do futebol mauaense. Conforme Ademir Médici em seu “Industrial de Mauá e os campeonatos de futebol do Grande ABC”, Napoli era pedreiro e chegou a Pilar para construir conjunto de casas junto as pedreiras da região do São João. Alguns desses imóveis ainda sobrevivem na Avenida Barão de Mauá.
Meia-esquerda, jogou no Industrial antes de ser contratado pelo Corinthians em 1924. No alvinegro do Parque São Jorge disputou 65 jogos, marcou 22 gols e foi campeão paulista de 1924. Em 1931 retornou para a região para jogar no Industrial, transferindo depois para o Ribeirão Pires FC, onde encontramos registro de sua atuação até o ano de 1936.
Lucio Cardoso (Jau)
Lúcio Cardoso de Araújo, o popular Jau foi zagueiro supercampeão no futebol da cidade, antes e depois da emancipação. Nasceu em Santos no ano de 1928, mas chegou em Mauá pouco tempo depois. Foi um dos fundadores do Independente FC, onde conquistou vários títulos. Jogou na seleção de Santo André, na seleção de Mauá e parou nos anos 60.
Rubens Nunes Campos
O versátil Campos jogou em diversas posições. Nascido em Mauá no ano de 1929, iniciou jogando pelo juvenil e principal do AA Industrial (1945); em 1946, foi contratado para jogar profissionalmente pela AE Sanjoanense, de São João da Boa Vista, mas a saudade dos amigos e da própria cidade de Mauá o fizeram retornar para a cidade, para o Industrial.
No ano seguinte, indicado por Elio Bernardi para jogar no CA Ypiranga, ficou uma temporada no clube da capital. Disputou a Segunda Divisão pelo Corinthians de Santo André (1951) e seguiu para o Nacional; no clube ferroviário, Campos jogou até 1955 para retornar ao Industrial. Em 1964, jogou pelo Independente FC e foi campeão de veteranos do ABCD; repetiu a façanha em 1969, quando pendurou as chuteiras.
Ítalo Moda (Tuim)
O zagueiro Ítalo Moda era descendente de italianos, mas torcia fervorosamente pelo Corinthians. E também pelo Industrial, em razão das cores semelhantes ao do seu time de coração. Ítalo (ou Tuim, como era chamado no futebol), nasceu em Mauá em 1927 e com 18 anos já estava no juvenil do Industrial, alcançando a equipe principal pouco tempo depois. No alvinegro mauaense foi campeão em 1950, 1953 e 1956. Em 1953 foi convocado para a seleção de Santo André. Pouco antes de encerrar carreira foi convidado para jogar no EC Cerâmica (1957), ficando no alvirrubro até 1963, quando encerrou carreira em razão de grave contusão no joelho.
