Memórias do futebol mauaense: Rogério de Moura Izidoro, o ‘Jamelão’

Daniel Alcarria

Daniel Alcarria

19 de Fevereiro

A extensa galeria de heróis anônimos, craques de dentro e de fora das quatro linhas do campo, jogadores dos finais de semana, amadores, profissionais, jovens, adultos e idosos é a inequívoca prova de quanto o futebol transcende a esfera desportiva para apresentar-se enquanto marca cultural de um povo, uma prática que identifica comunidades e grupos de pessoas nas sociedades humanas.

O operário e periférico município de Mauá não foge à regra. Pelo contrário, tem apresentado ao longo da história uma quantidade inesgotável de grandes personagens, craques e jogadores que tem ajudado na construção da trajetória local quando o assunto é o nobre ‘esporte bretão’. Rogério de Moura Izidoro, o filho da Dona Vera e do Seu Adair se enquadra perfeitamente em todas as prerrogativas aqui mencionadas.

Natural da capital paulista, onde nasceu em 08 de março de 1963, nosso zagueiro/lateral Rogério Jamelão chegou em Mauá em 1970, quando junto de seus pais e de seu irmão Rogério ‘Tchugaia’ (também atuante no futebol da cidade) se estabeleceu na então capital nacional da porcelana, na Vila Magini. Aqui jogou na seleção municipal e por vários times amadores (Blumoon, União do Parque São Vicente, São João, Independente, Industrial, Vila Noêmia, além de ter sido atleta e treinador do Grêmio Mauaense).

Uma trajetória de sucesso

Jamelão construiu uma trajetória de respeito no futebol, resultado de sua qualidade técnica e perseverança para manter carreira de jogador ao mesmo tempo que conciliava a bola e os estudos (é formado em Educação Física, História, Geografia e atualmente cursa Direito). Como boleiro, iniciou no infantil do Santos com 12 anos de idade (1977) passando em seguida pelo juvenil do Corinthians (1978 e 1979) e EC Santo André (1979 a 1983), onde profissionalizou-se.

E continuou seguindo: Pato Branco (PR), Mixto de Cuiabá (MT), Tabu de Clevelândia (PR), Caxias (PR), Uberaba (MG), São José e Grêmio Mauaense. Em 1983 atuou pela Seleção Paulista de juniores. Em sua extensa trajetória, foi campeão paulista Infantil pelo Santos em 1977, vice-campeão juvenil pelo Corinthians (1978), campeão da Segunda Divisão do campeonato paranaense com o Pato Branco (1986), além de diversas conquistas no amadorismo (como o Blumoon de Mauá e o Sete de Setembro, de Santo André).

Admirador confesso de craques do quilate de Luizinho, Wladimir, Sócrates e Zico, nosso intelectual zagueiro/lateral Rogério de Moura Izidoro também teve a boa sensação de fazer seus gols. Um deles, pelo Pato Branco contra o Colorado (atual Paraná Clube) em Curitiba pelas dificuldades contra um grande adversário da capital e outro, no último ano como atleta profissional, com a camisa do Tabu de Clevelândia, contra o Londrina. Ambas partidas eram válidas pelo campeonato paranaense.

Neto e filho de peixe, peixinho é!

Ao encerrar carreira no Pato Branco em 1989, Rogério Jamelão continuou ligado aos esportes, ao futebol e aquela cidade. O apelido Jamelão veio de suas preferências musicais, ainda adquirido nos vestiários e cantorias aos finais dos jogos. Mas sua base familiar certamente o levou a seguir os melhores caminhos na vida.

Conforme mencionado, Jamelão é filho do seu Adair Izidoro, que foi jogador do Bangu e do Botafogo do Rio de Janeiro e da Dona Vera Lucia de Moura Izidoro (professora e ex-dirigente de ensino nas escolas mauaenses Emília Crem e Terezinha Sartori), com quem certamente Jamelão aprendeu os caminhos da solidariedade e do trabalho voltado às crianças na formação de melhores homens e mulheres, cidadãos do futuro.

Casado com a professora Andrea Luiza Barbosa de Moura Izidoro há 34 anos, Jamelão é pai de Luiz Rogério de Moura Izidoro, atual tri-campeão paranaense de dança gauchesca, evento promovido pelo CTG (Centro de Tradições Gaúchas) do Paraná. Ao encerrar carreira no Pato Branco, fixou residência na cidade, onde vive até hoje e desenvolve projetos diversos através do Instituto Cultural Educar Para a Vida, do qual é um de seus idealizadores. O trabalho desenvolvido por Jamelão na entidade é referência no Estado do Paraná, levando-o a receber convite do prefeito local para assumir a Secretaria Municipal de Esportes na cidade de Mariópolis, vizinha de Pato Branco. Sorte de Mariópolis, boa sorte para Jamelão.

O Pato Branco campeão Paranaense da Segunda Divisão de 1986; Jamelão é o 5º jogador, em pé, da esquerda para a direita. Foto: Acervo do site www.historiadordofutebol.com.br. Data: 1986.
Rogério de Moura Izidoro (a esquerda) entre alunos e colaboradores do Instituto Cultural Educar Para a Vida. Legado e aprendizado familiar direcionam a energia necessária para Jamelão seguir firme no propósito de ajudar aos que mais precisam. Foto: Acervo pessoal de Rogério de Moura Izidoro. Data: 2020.