Mais uma vez a ineficiência do estado jogará nas costas do cidadão a
responsabilidade de conter a pandemia. Entre coletivas, vídeos emocionais,
entrevistas com palavrões e outros caprichos, nossos políticos dão uma
péssima demonstração de falta de sentido público e de falta de trabalho
produtivo para controlar esta que é a mais grave crise que o mundo já viveu.
De fato, todos precisam assumir suas responsabilidades. Parte da população
precisa encarar essa crise com mais seriedade e responsabilidade ao invés de
sublimarem uma pandemia que já levou mais de 273 mil vidas. Por outro lado,
uma dinâmica mais produtiva e eficiente dos políticos para aquisição de
vacinas deveria ser prioridade. São inúmeros os exemplos do impacto que a
vacinação causa e todo o esforço deveria estar nessa direção. Só para
colocar em números, a média móvel de casos de Covid-19 nos Estados Unidos
caiu 75% em relação a janeiro após a vacinação alcançar 16% da população. Se
tivéssemos vacinado na velocidade dos Estados Unidos estaríamos com
aproximadamente 15% da população vacinada ao invés dos 4,26%.
Deixamos de comprar vacinas, deixamos de negociar com outros laboratórios,
perdemos oportunidades de ter um número de imunizados bem maior, e se já não
bastasse tudo isso, as proposições aprovadas no congresso não facilitam a
aquisição de vacinas pelo setor privado.
Em meio a este cenário nada promissor, medidas de restrições impostas pelos
governos estaduais não encontram aceitação da população. E de fato medidas
feitas de forma tão linear para setores tão diferentes dificilmente
encontrarão respaldo e adesão do empreendedor brasileiro. O impacto que
essas medidas promovem nos negócios são muito complexas e em última análise
o empreendedor se vê diante de uma situação sem alternativas viáveis de
sobrevivência.
Entendo que medidas de restrições são essenciais, mas devem ser
compreendidas de uma forma muito mais profunda. Se existe um Centro de
Contingência do Covid-19 para a saúde, deveria existir um Centro de
Contingência para os negócios. Entender especificamente cada seguimento,
quais regras podem ser adotadas que façam sentido para o controle da
pandemia e permitam ao empreendedor sobreviver em meio a esse caos é
fundamental para que tais medidas encontrem respaldo e assim essa luta seja
travada em conjunto com a participação de todos.
Enfim, poderíamos estar em um outro cenário, porém com a vacinação
acontecendo de forma tão lenta, o jogo político se sobrepondo a guerra
contra o COVID-19 e parte da população sem agir com precaução e
responsabilidade, fica a sensação de que as medidas de restrições serão
parte de nossa dura realidade por um bom tempo.
Enquanto isso, as retóricas políticas são o combustível para as eleições que
se aproximam.
Alan de Camargo – Empreendedor, Líder do Movimento Livres, RenovaBR e da Rede Global de Empreendedorismo em São Caetano, membro do Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico de São Caetano do Sul e membro do CID (UNESCO).