Nesta semana ultrapassamos a terrível marca de 330 mil mortos no Brasil em decorrência da pandemia do coronavírus e em meio a uma série de discussões infundadas sinto falta de uma solução para a pandemia que acontece na economia, e não falo aqui nessa retórica de saúde x economia, ou o debate raso se devemos abrir ou fechar comércios, empresas, cidades.
Os números são aterrorizantes e deveriam nos assustar tanto quanto os números da saúde. De acordo com pesquisa PNAD COVID-19/IBGE o impacto médio na renda dos trabalhadores causada pela pandemia é de 18%, porém empregadores (31%) e trabalhadores por conta-própria (40%) puxam a fila em uma queda vertiginosa. Outro número que tem demonstrado o tamanho dessa pandemia é que 7 milhões de mulheres brasileiras deixaram seus postos de trabalho na pandemia segundo a PNAD/IBGE 2020. A queda do PIB no ano passado foi de 4,1%, a maior desde o fatídico Plano Collor. E a catástrofe não para por aí. Em números absolutos essa catástrofe poderia ser ainda maior não fosse o auxílio emergencial que injetou recursos na economia no ano passado, porém o dinheiro acabou.
E por que não buscamos “vacinas” para esse mal? Alguns acreditam na recuperação em V, o que eu duvido muito. A população está sem grana e mesmo que seja estimulada a consumir não fará da mesma forma, os hábitos mudaram, as pessoas passaram por transformações inesperadas. O ser humano em sua maioria passou a valorizar outras coisas, o que funcionava antes pode não trazer os mesmos resultados hoje.
Nunca fez tanto sentido a frase do autor norte-americano Marshall Goldsmith.
Segundo ele “o que nos trouxe até aqui não é o que nos levará adiante”, esse pensamento expõe claramente o que estamos vivendo e serve como uma luva para o comportamento dos empreendedores brasileiros acostumados a superar uma pandemia sem fim para manter suas empresas vivas num país que insiste em tornar o empreendedor o vilão da história. Porém o pensamento de Marshall pouco serve de inspiração para a classe política que insiste nos mesmos discursos com pouquíssimas ações efetivas. Mas será que não dá para fazer nada? Será que ficaremos reféns de incertezas e pouca previsibilidade das ações do governo?
Entendo que dá para pensar fora da caixinha, dá para estimular ações que farão a diferença na vida dos empreendedores, dá para inovar mesmo no setor público, dá pra fazer diferente.
Mesmo diante desse pensamento de que dá para o poder público fazer algo pelos empreendedores, não acredito que será assim. Teremos que nos virar sozinhos como sempre fizemos. Pensando nisso deixo uma frase para concluir esse texto que talvez possa inspirar aqueles que realmente resolverão o problema da retomada econômica no país, os empreendedores. “Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta as mudanças”, Charles Darwin.
Alan de Camargo
Empreendedor, Líder do Movimento Livres, RenovaBR e da Rede Global de Empreendedorismo em São Caetano, Colunista do Jornal Imprensa ABC, membro do Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico de São Caetano do Sul e membro do CID (UNESCO).