Memórias do futebol mauaense: Maurício Pereira dos Santos

Daniel Alcarria

Daniel Alcarria

30 de Abril

Diferentemente do que temos hoje, era comum jogadores de futebol (profissionais ou amadores) permanecerem durante praticamente toda carreira num único clube. E em muitos casos, mesmo após pendurarem as chuteiras, continuarem por tempos a dedicar esforços e compromissos a apenas uma agremiação, uma camisa, a uma torcida. Na várzea, esses compromissos resultavam das identidades que uniam os times, os bairros, seus moradores, as cores das torcidas e de todos os elementos que inseriam seus atores na condição de verdadeiros representantes dessas comunidades.

No futebol profissional temos muitos exemplos: Pedro Rocha no São Paulo, Zico no Flamengo, Falcão no Internacional, Roberto Dinamite no Vasco, Pelé no Santos, Ademir da Guia no Palmeiras, nomes que identificam seus personagens aos seus clubes, suas torcidas e histórias. Não diferente do futebol mauaense com Elio Bernardi e o Industrial, Pedro Benedetti e o EC Cerâmica, Milton Oscar e o Ordem e Progresso, os irmãos Domingos e Vicente Loro e o Juá. E para incontáveis outros exemplos, Maurício Pereira dos Santos e seu inestimável SC Blumoon.

O lateral direito (depois quarto zagueiro) Mauricio Pereira dos Santos nasceu na cidade de São Paulo em 14 de fevereiro de 1968; doze anos depois já estava em Mauá, junto de seus pais Valdevino e Adelina e irmãos, quando vieram do bairro
do Ipiranga na capital paulista para a operária Vila Magini. No bairro Mauricio estudou na Escola Antonio Prado Junior, jogou no Blumoon desde os 13 anos de idade e estabeleceu residência, construindo a partir de então sua presença na vida da
cidade e na história do futebol amador local. Seus irmãos Marcos e Mauro também jogaram pelo time.

Por tudo e por todos, pelo Blumoon

Como citado, Mauricio jogou durante 24 anos por único clube na cidade de Mauá, defendendo com honra e dedicação as cores azuis e
brancas do Sport Club Blumoon, atualmente desativada.

Na tradicional equipe varzeana da Vila Magini, Mauricio atuou entre os anos de 1981 a 2005, conquistando diversos títulos. Também exerceu as funções de diretor e técnico, onde também levantou troféus.

O supercampeão Mauricio Pereira dos Santos provavelmente deva ser o único jogador a conquistar quatro títulos de campeão municipal da 1º divisão (1992, 1993, 1994 e
1999) e com uma mesma camisa; foi também bicampeão com a equipe de juniores (1984 e 1988) e campeão como técnico dessa mesma categoria em 1990, sempre, é claro, defendendo as cores do Blumoon.

Conforme afirmação do próprio Mauricio, como defensor não era muito de fazer gols, mas as poucas vezes que balançou as redes foram marcantes, como em 1989 numa partida entre Blumoon e Vila Nova, quando Mauricio garantiu a vitória por 2×0 após grande pressão adversária, num contra-ataque mortal que sacramentou a vitória. Também pelo campeonato de 1989, Mauricio fez o tento de empate contra o Flor do
Morro do Jardim Zaíra, já nos ‘descontos’ como se falava antigamente.

O placar apontava 1×0 para o adversário até os 45 do segundo tempo, com a torcida contrária entoando os famosos ‘olés’, mas Mauricio empatou e encerrou a festa. Silêncio no Zaíra, euforia na Vila Magini!

Lateral direito, zagueiro e família

Mauricio foi jogador de excelência para os padrões do amadorismo, um legítimo representante da ‘escola mauaense de zagueiros’. Talvez por suas referências nas posições (o lateral direito Leandro do Flamengo e Dario Pereyra, zagueiro do São Paulo), certo mesmo é que hoje jogaria com tranquilidade no futebol profissional.

O zagueiro de um time só tem formação superior e MBA em Recursos Humanos, mas trabalha atualmente como comerciante no ramo da alimentação. Casado com Keli Cristina, com quem tem o filho Guilherme, Mauricio pode se orgulhar da sua contribuição para a Vila Magini, para sua família, para o Blumoon e para o futebol mauaense.

Sport Club Blumoon bicampeão mauaense. Em pé, da esquerda para a direita: Wilson (técnico), Claudinho, Maizena, Bocão, Carlinhos, Maringá, Lalau, Maurão, Tchugaia, Maurício, Marcão e Babuíno; agachados: Piru, Diógenes, Flavinho, Didi, Celinho, Célio, Ney e Zata. Foto: Acervo pessoal de Wilson Alberto Barbosa. Data: 1993.