Autor andreense lança livro de terror que tem Paranapiacaba como cenário em um de seus contos

No livro “O Diabo existe e outros contos”, o autor estreante de Santo André, Adilson Matos, lança mão de figuras e situações típicas do cinema e da literatura de terror para tratar da onda de ódio e violência que assolou o Brasil nos últimos anos.

O autor deu seus primeiros passos no mundo da literatura em oficinas ministradas na Casa da Palavra, em Santo André, mas foi na unidade do Sesc, na mesma cidade, que o livro nasceu. Ministrado pelos escritores Frederico Barbosa e Reynaldo Damazio, o curso levou os alunos a Paranapiacaba com o intuito de criar textos a partir das histórias e da atmosfera local. O resultado foi o conto “Túnel dos Mortos”, que usa a lenda de um grupo de escravos mortos no lugar para tratar da espetacularização da mídia e a exploração da tragédia humana por programas policiais.

“O cineasta Rogério Sganzerla dizia que o horror não está no horror. Era um outro contexto, claro, mas me lembrei dessa frase quando vi a notícia de uma mulher com problemas mentais que havia sido agredida por populares após uma página na internet acusá-la de bruxaria. O livro nasceu aí, ainda que a escrita, propriamente, tenha começado bem depois”, conta o autor.

No mês de celebração do Halloween, festa que vem ganhando a cada ano mais espaço no Brasil, o autor lembra que o brasileiro tem seus próprios monstros, atuais e ressurgidos. Todos eles estão por aí, fantasiados ou não, sem medo de serem reconhecidos, ocupando diferentes esferas do poder.

“É como se o Brasil fosse um grande laboratório de monstros, fantasmas e afins de mundo com seus assombros que ecoam do passado colonial para hoje, a violência estrutural e a brutalização das relações sob os signos do medo, da morte e da destruição”, diz o texto de apresentação assinado pelo jornalista, diretor e roteirista, mestre em Meios em Processos Audiovisuais pela USP, Francis Vogner dos Reis.

“O Diabo existe” faz também uso do humor, como no conto O Invasor, divertida homenagem à obra de Marçal Aquino. Como material extra, um conto “censurado” vem encartado em envelope de papel pardo e carimbado pelo “Dops”.

O livro está à venda pelo site da editora Clóe (editoracloe.wixsite.com/editoracloe).

Sobre o autor

Adilson Matos é formado em comunicação pela UMESP com pós-graduação em História e Cultura do Brasil pela Universidade Gama Filho. Nasceu e vive em Santo André, no ABC paulista, onde participou de oficinas de criação literária ministradas por João Silvério Trevisan, Marçal Aquino, Luis Ruffato, Frederico Barbosa e Reynaldo Damazio. Cursou História e Linguagem do Cinema com os críticos Inácio Araújo e Sérgio Alpendre. Escreve contos que até agora guardou para si. Este é seu primeiro livro.