A Guerra na Ucrânia I

Para conseguirmos ter qualquer possibilidade de compreensão do que se passa no Leste Europeu neste momento, precisamos, primeiro, nos desvincular das narrativas simplificadoras de bandido e mocinho, do bem contra o mal. Se partirmos de uma perspectiva moralista, não seremos capazes de captar os amplos interesses geopolíticos que envolvem este conflito.

Uma segunda questão preliminar é da parcialidade da cobertura dos grandes meios de comunicação. As grandes redes estão apenas reproduzindo o discurso imperialista do Partido Democrata de forma explícita.

Quando os EUA invadiram o Iraque e o Afeganistão, interviram na Líbia e na Síria, houve alguma forma de condenação aos norte-americanos? Eles foram considerados os senhores da guerra que derramam sangue inocente? Não! O que houve foi a justificação dessas invasões, com o discurso de que os EUA estavam disseminando a “democracia e a liberdade” mas o que assistimos foi a destruição destes países (democracia liberal nos olhos dos outros é refresco).

O início do atual conflito começa com a atuação desastrada da OTAN. A Organização do Tratado do Atlântico Norte surgiu como um projeto de cooperação militar, com clara hegemonia norte-americana, para fazer frente ao antigo bloco soviético. Com o fim da URSS e da Guerra Fria a OTAN perdia o seu principal motivo de existência, porém, ela passou a ser um instrumento para ampliar a influência estadunidense sobre o Leste Europeu, aumentando a tensão na região.

Os EUA continuaram o cerco e a pressão sobre a Rússia, principalmente a partir de 2013, quando apoiaram um golpe de estado que derrubou o governo eleito de Víktor Yanukóvytch na Ucrânia, estabelecendo um governo pró-ocidente. Desde então a região entrou em um processo gritante de instabilidade e tensão, que agora desemboca nesta guerra.

Esta guerra irá abrir novas portas na luta política e a depender dos rumos que tome, poderá balançar as relações de poder que foram estabelecidas com o fim da URSS no cenário geopolítico global.

Max Marianek
Graduado em História pela CUFSA
Graduando em Biblioteconomia pela USP