Depois dos acertos finais da filiação de Alckmin ao PSB esta semana, selando seu papel de vice na chapa de Lula, ressurgiu o debate sobre a postura do PSOL frente à aliança entre o PT e o ex-governador paulista, o que aprofunda a crise partidária. A Conferência Eleitoral em Abril deve apenas ratificar o apoio à candidatura de Lula.
O PSOL surgiu no cenário político como uma proposta de crítica ao petismo, uma contestação pela esquerda dos governos Lula e Dilma, afirmando sua identidade nesses anos como uma alternativa dentro do campo progressista.
Apesar de surgir com autonomia política perante sua matriz, o PSOL manteve muitas características no campo da organização semelhantes a do PT, como por exemplo a estrutura de tendências (menos centralizado que o PT). Manteve também muito dos pressupostos ideológicos e da cultura política de sua alma matter, como por exemplo, a luta por um socialismo democrático difuso.
Para se manter como ente autônomo, tendo muitas semelhanças com o seu tronco formador, era essencial ao PSOL manter sua independência política reafirmando suas diferenças com o PT , mas ao ser cada vez mais atraído para uma aliança com Lula, e se aproximando cada vez mais novamente do petismo na luta política imediata e eleitoral, o partido perde o seu motivo de ser original, de crítica de esquerda ao PT, o que irá gerar, com certeza, uma crise profunda.
Como ficarão os diversos militantes que entraram no partido por entenderem ser necessário construir uma alternativa de esquerda ao PT?
Independente de qual corrente sair vencedora para a eleição de 2022, as que desejam apoiar Lula desde o primeiro turno ou as que defendem uma candidatura própria (o que cada dia parece menos provável), o partido deverá sair fraturado deste embate e vivendo uma crise existencial.
Max Marianek
Graduado em História pela CUFSA Graduando em Biblioteconomia pela USP