A burguesia brasileira tem sua formação ligada ao colonialismo português e ao processo de constituição do mercado internacional capitalista. Ela não rompe nenhuma das condições coloniais na independência e na proclamação da república.
Quando o imperialismo se consolida, ele encontra no Brasil uma classe dominante que se formou em parceria com o colonialismo e com um papel específico no mercado internacional e na divisão global do trabalho: produzir matérias-primas para o mercado externo, através da depredação dos recursos naturais e de uma intensiva exploração da força de trabalho.
Ao se iniciar o processo de consolidação de um capitalismo de caracteres mais industrializantes no Brasil, a partir dos anos 10 do século XX e a surgir uma classe trabalhadora mais coesa (já sob o impacto da vitoriosa Revolução Russa de 1917), com a fundação dos primeiros sindicatos e a formação do PCB em 1922, primeiro partido nacional de origem trabalhadora, a burguesia brasileira passa a ter ainda mais medo de perder o controle social, vivendo em um estado permanente de vigília contra-revolucionária.
A burguesia brasileira estava pronta, portanto, para aceitar a tutela do imperialismo, se tornando uma aliada sempre prestativa para manutenção de um modelo de sub-desenvolvimento.
Seu domínio é um modelo atrasado, repressivo, racista e predatório, pois tem como base uma profunda exploração dos trabalhadores, que tenta restringir ao máximo a participação política popular, através de diversos mecanismos, que variam de acordo com a conjuntura e a situação histórica.
Em suma, a burguesia brasileira não tem interesse em qualquer transformação substancial do sub-desenvolvimento, ela é uma parceira estratégica do imperialismo na manutenção da dependência nacional e não suporta qualquer experiência popular, pois receia perder o controle político. Para qualquer transformação mais profunda é necessário a luta contra as forças burguesas nacionais e seus aliados internacionais.
Max Marianek
Graduado em História pela CUFSA
Graduando em Biblioteconomia pela USP