O caldo golpista continua a fermentar, as manifestações contrárias à constituição seguem atuantes, garantindo a presença diária do bolsonarismo nas ruas de diversas cidades. Temos também a nota dos comandantes das forças armadas defendendo estes atos e as declarações de insubordinação de militares. Mais recentemente o áudio do ministro do TCU, Augusto Nardes, em que declara haver a organização de um movimento nos quartéis.
Para engrossar este caldo e fornecer mais elementos para o discurso golpista, Valdemar da Costa Neto, esta semana, divulgou o relatório contratado pelo PL, sobre as eleições, pedindo a anulação dos votos de mais de 250.000 urnas.
Bom relembrar que um golpe para ser desfechado não necessita da completa unidade dos setores burgueses, alguns golpes em nossa história foram aplicados contra frações da classe dominante, por outros setores da própria elite que se sentiam alijados do poder. Um bom exemplo deste tipo de movimento é a proclamação da república em 1889 e a revolução de 1930 (obviamente o cenário destes episódios históricos é muito mais complexo).
É evidente no atual cenário, de que não há unidade na classe dominante brasileira sobre qual caminho percorrer, a balança parece pender para os setores que desejam manter o status quo da Nova República no momento, mas outros setores ainda parecem renitentes em seguir esta estrada.
Em todo o caso, o fato de discutirmos a algum tempo se vai haver um golpe ou não, já demonstra por si, a transformação do sistema político brasileiro e a degradação dos pactos estabelecidos com a Nova República.
Estas colocações não significam que uma virada de mesa é o cenário mais provável, porém, cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém, muito menos as forças populares.