Como Telhas Estilhaçadas

Ala Voloshyn

Ala Voloshyn

3 de Fevereiro

Um dia, desses dias comuns, em que nada de novo acontece, saí de casa pra resolver algumas coisas sem grande importância, presenciei algo que dei muita importância!

Um homem saía de uma casa carregando uma pilha de telhas antigas, inteirinhas, que vi! E na minha frente, sem dó nenhuma, jogou numa caçamba aquelas telhas com desprezo, que percebi no seu rosto. Num barulho grande, todas estilhaçaram e ficaram ali, naquela caçamba, em pedaços sem fim.

Era uma casa em reforma e mudavam todo o telhado. Mas aquelas telhas velhas estavam inteirinhas! Por que não as deixar empilhadas à beira do muro, para alguém poder usá-las? Fariam um bom telhado ainda!

Aí fui longe, comecei a pensar em nós, humanos. Não agimos da mesma forma em nossas relações? Quando alguém deixa de ter importância não é o que fazemos? Jogamos fora, como as telhas estilhaçadas na caçamba? Com desdém, porque não nos serve mais? Não tem mais valor!

Se olhamos para o outro como meio para alcançarmos algo, ele é apenas um utilitário, e só tem relevância quando nos convém, né? E depois de usado, é só jogar fora, com desprezo, porque não tem mais serventia, né?

Ala Voloshyn

Ala Voloshyn

Psicóloga. Escritora. Blogueira. Contadora de Histórias. Mediadora de Conversa Filosófica. Blogs: alavoloshyn, livrosvivos - SoundCloud