Há alguns dias, a tentativa de golpe de 8 de janeiro completou seu primeiro aniversário. Sim, estamos novamente discutindo tentativas de golpe em nosso país, o que pode parecer um tanto fora de lugar, meio extemporâneo, mas foi alertado por diversos analistas, políticos, etc. Nesta coluna inclusive, dedicamos algumas linhas à discussão dessa questão.
No entanto, várias pessoas, principalmente no campo progressista, zombavam da ideia de uma nova tentativa de golpe, chamando-a de paranoia, e acreditavam (e ainda acreditam) na caquética democracia brasileira e nos supostos sentimentos “humanitários” de uma elite que nunca deu a mínima para qualquer reivindicação popular.
Entretanto, apesar dos desejos mais sinceros dos “democratas” e sociais-liberais, a tentativa de golpe aconteceu. Ela não foi bem-sucedida naquele momento, mas todas as condições que existiam para que ela se desenvolvesse continuaram e permanecem no horizonte. Todos percebem, olham ao redor e sabem que o “perigo” continua à espreita. O bolsonarismo mantém governos importantes, o agronegócio continua sendo financiado com bilhões do governo federal, e as massas populares continuam sendo despolitizadas e desmobilizadas. O refrão “acredite nas instituições, acredite no congresso, não há correlação de forças” continua em alta.
Nenhum idealizador foi preso, os financiadores não foram detidos, nem Bolsonaro, e principalmente, nenhum militar foi preso. Pelo contrário, o que ocorreu foi mais um pacto pelo alto, permitindo que os militares golpistas retornassem tranquilamente para os quartéis.
O governo Lula não aproveitou essa oportunidade histórica. Após o malogro daquele evento trágico, o desgaste naquela situação era um momento de ouro para realizar algum tipo de reforma na estrutura militar, mas parece que o “DNA conciliador” falou mais alto, mais uma vez, como sempre…
Sempre é complicado fazer analogias históricas, mas é de bom tom lembrar que antes do golpe de 1964 ser bem-sucedido, houveram diversas tentativas de golpe mal-sucedidas antes.
Depois que a caixa de Pandora é aberta, é extremamente difícil colocar os fantasmas de volta.
Max Marianek
Graduado em História
Funcionário Público