Após negar falhas, Auricchio tenta acelerar atendimento às vésperas da eleição diante de caos no setor que foi comandado por Regina Maura, candidata a vice da chapa governista
O discurso do prefeito de São Caetano, José Auricchio Júnior (PSD), foi desmentido pela prática da própria gestão com relação à crise na Saúde. Apesar de negar a existência de problemas e até mesmo ter desafiado moradores a testarem o serviço, Auricchio decidiu realizar no fim do seu mandato e às vésperas das eleições, mutirões de consultas de clínico geral, o que comprova falhas graves na administração do setor que foi administrado por Regina Maura Zetone (PSD), nome de confiança de Auricchio e indicada como vice na chapa governista na eleição deste ano, liderada pelo vereador Tite Campanella (PL).
O primeiro mutirão foi realizado no começo de julho e, segundo Auricchio, atendeu 4.000 pessoas. Ele programou outro mutirão, com expectativa de acolher outros 2.000 moradores. A confirmação da fila de espera expõe a existência de demanda reprimida, que até pouco tempo atrás, Auricchio insistia em negar. A reportagem apurou com fontes de dentro da Prefeitura de São Caetano que há filas de espera de exames e consultas em outras especialidades – e que o Atende Fácil Extraordinário, nome dado a Auricchio para o mutirão, vai pressionar ainda mais o sistema.
A deterioração do sistema municipal de saúde se instalou na gestão de Regina Maura à frente da Secretaria de Saúde. Ela assumiu a pasta em 2017, com a volta de Auricchio à Prefeitura de São Caetano e deixou a pasta em maio de 2024, se desincompatibilizando do cargo justamente para concorrer nas eleições municipais deste ano (foi substituída por Guilherme Crepaldi Esposito, seu aliado). Neste período, ela esteve ausente da secretaria em somente um período: o do mandato interino de Tite Campanella.
Condenado por caixa 2 eleitoral e captação irregular de recursos na campanha de 2016, Auricchio ficou fora da Prefeitura de São Caetano por 11 meses em 2021, e a cidade foi administrada por Tite Campanella, então presidente da Câmara. Tite manteve boa parte do secretariado indicado por Auricchio, mas entrou em rota de colisão com Regina Maura, a ponto de demiti-la em meio à pandemia. A rusga extrapolou os bastidores, com Regina Maura publicando em seus perfis de rede social uma montagem explicando a diferença entre chefe e líder – em um recado claro a Tite Campanella.
Em meio à crise na gestão da Saúde e à pressão de Auricchio para que Regina fosse vice de Tite, o morador de São Caetano tem enfrentado longas filas para ser atendido em equipamentos que antes eram referência.
O pronto-socorro do Hospital Municipal de Emergências Albert Sabin, no Bairro Santa Paula, por exemplo, chegou a registrar fila de espera de nove horas. E há também atraso de salário para profissionais que atuam no Hospital Maria Braido.
O volume de reclamações contrasta com a abertura de novos equipamentos pelo governo Auricchio com a promessa de dar celeridade aos atendimentos no setor. O Atende Fácil Saúde foi inaugurado há um ano, com custo de R$ 20 milhões.