Avanço da Extrema Direita na Alemanha

No último final de semana, ocorreram eleições regionais em dois estados do leste da Alemanha, Turíngia e Saxônia, que faziam parte da antiga Alemanha Oriental. Em ambos os estados, houve um avanço significativo do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), uma organização que flerta com o nazismo em vários aspectos. Esta foi a primeira vitória de um partido de extrema-direita em uma eleição regional na Alemanha desde a Segunda Guerra Mundial.

Na Turíngia, que era governada pelo partido de esquerda Die Linke (A Esquerda), o único governo da organização, a extrema-direita foi a mais votada, obtendo mais de 31% dos votos, seguida pela CDU (União Democrata-Cristã), tradicional partido de direita alemã (grupo da ex-chanceler Angela Merkel), que obteve 30%. Em terceiro lugar, com 15%, ficou o estreante partido BSW (Aliança Sahra Wagenknecht), agremiação de esquerda surgida de uma cisão do Die Linke, enquanto o próprio Die Linke obteve 13% (na última eleição regional, o partido havia conquistado mais de 30%).

Na Saxônia, o CDU ficou em primeiro lugar, seguido de perto pelo AfD, e em terceiro, mais uma vez, o BSW. Enquanto isso, a aliança que governa o país em nível nacional teve um desempenho muito fraco em ambos os estados. Os três partidos integrantes da coalizão – o tradicional Partido Social-Democrata Alemão (SPD), os Liberais e o Partido Verde – mal conseguiram eleger deputados para os parlamentos regionais. Os sociais democratas tiveram sua pior votação regional desde a década de 1940.

Em breve, haverá eleições no estado de Brandemburgo, onde a extrema-direita também lidera as pesquisas de intenção de voto. Nesta região, os sociais democratas governam desde 1990, o que reforça o caráter simbólico dessa eleição, caso as previsões das pesquisas se confirmem.

Este cenário preocupante reforça o processo de fortalecimento da extrema-direita ao redor do mundo, evidenciando o mal-estar generalizado causado pela crise do sistema internacional e o desgaste da democracia liberal.

Max Marianek
Graduado em História
Funcionário Público