Desenvolvimento

A visão liberal dominante sobre o desenvolvimento econômico parte de uma premissa falaciosa: a ideia de que existe um único caminho histórico, supostamente universal, pelo qual todas as nações devem passar. Nessa narrativa, os países são classificados em “desenvolvidos” e “subdesenvolvidos” como se estivessem em degraus distintos de uma mesma escada, cabendo aos últimos apenas acelerar seu ritmo para alcançar os primeiros.

Essa concepção, no entanto, oculta as relações desiguais e antagônicas inerentes ao capitalismo global, tratando o desenvolvimento como um processo neutro e homogêneo.

Essa visão desconsidera as assimetrias estruturais do sistema capitalista global. Países centrais e periféricos ocupam posições qualitativamente distintas na divisão internacional do trabalho. Enquanto nações desenvolvidas concentram atividades de maior valor agregado e controle tecnológico, economias periféricas frequentemente permanecem especializadas em atividades primárias e de baixa complexidade.

A história do Brasil, por exemplo, é marcada por séculos de extrativismo predatório, primeiro sob o colonialismo português e depois sob o “neocolonialismo” inglês e estadunidense. Enquanto isso, nações imperialistas impõem barreiras comerciais, patentes tecnológicas e mecanismos de dívida externa que perpetuam essa assimetria.

Não há possibilidade de alcançar o desenvolvimento dos países centrais dentro desse modelo – a burguesia periférica, subordinada ao imperialismo, não tem interesse em romper com essa ordem, apenas em gerenciar a exploração de forma mais eficiente.

O subdesenvolvimento não é um “atraso”, mas um produto da divisão internacional do trabalho.

Max Marianek
Graduado em História
Funcionário Público