Soou como escárnio e desrespeito às vítimas e à inteligência da população a frase do governador do estado, em coletiva de imprensa, dia 06 de outubro: “No dia em que começarem a falsificar Coca-Cola, eu vou me preocupar… Ainda bem que ainda não chegaram nesse ponto”. Há, infelizmente, e já havia na ocasião, várias vítimas fatais da ingestão de bebida falsificada com metanol, além de muitas contaminadas e em exame para verificação.
A frase denota completa desconsideração com cidadãos e cidadãs, porém, talvez não com o segmento evangélico, que de modo geral é orientado a não utilizar bebida alcoólica. Vista por esse ângulo, fica ainda mais grave. Denota a utilização político-eleitoral de uma calamidade que preocupa e afeta a todos pela insegurança que causa. Em prol de arregimentar parcela do eleitorado, desconsidera a vida de todos em geral.
O episódio apenas reforça o que sempre se soube como método de fazer política do segmento que ele representa, o vale tudo para ganhar ou manter o poder. Até mesmo fazer chacota com a vida das pessoas, mesmo aquelas que possivelmente o elegeram. Mas não é de se estranhar. O mesmo já havia feito seu maior cabo eleitoral na época da pandemia: “Por acaso sou coveiro?”
Podemos relacionar esse fato com a semana em que estamos vivendo, na qual se comemora o dia do professor e da professora. Há uma visão generalizada que a educação é essencial para o desenvolvimento do país.
Ela é também propalada pelo segmento da direita, tão bem representado pelo governador e seu aludido cabo eleitoral. Porém, as atuações efetivas nos dois governos são diametralmente opostas. O que se viu e se vê na prática é o desvio de verbas, a ênfase na privatização e na militarização. O resultado, instalações cada vez mais precarizadas. Escolas, principalmente periféricas, literalmente caindo aos pedaços, sem ambientes saudáveis nem para salas de aula, quanto mais para os locais de preparação da merenda escolar e sanitários. E o completo desrespeito aos professores e professora, pelos salários aviltados, pela falta de condições de trabalho, pelo cerceamento de aperfeiçoamento.
O que não querem governos como o atual de São Paulo é que a população tenha educação que a ajude a ver as causas dos problemas sociais e principalmente um horizonte de esperança e a força da mobilização popular.
Em outras palavras, quem não se preocupa com a falsificação de bebida pelo acréscimo de metanol, injeta metanol ideológico na educação para desqualificá-la.
Professor Luiz Eduardo Prates
luizprts@hotmail.com