Foi amplamente divulgado na imprensa o afastamento do prefeito de São Bernardo do Campo devido à investigação da Polícia Federal por suspeita de corrupção. Nesta investigação foi até mesmo apreendida grande quantia de dinheiro em espécie, não só em reais, mas também em moedas estrangeiras.
Na sexta-feira, dia 10, mediante parecer do Ministério Público Federal, o Superior Tribunal de Justiça, na pessoa do ministro Reynaldo Soares da Fonseca, acatou o pedido de habeas corpus da defesa e revogou a cautelar que mantinha o prefeito afastado. Logo após, Marcelo Lima retornou ao cargo.
Decisões da justiça são para serem cumpridas. Entretanto, devido à quantidade de evidências apontadas na investigação da Polícia Federal, parecem legitimas a perplexidade e os questionamentos de parte da população sobre a volta do prefeito.
Também causou estranheza a decisão da Câmara de Vereadores de não abrir investigação administrativa sobre a atuação do Executivo municipal, pois essa é uma de suas atribuições precípuas.
O mínimo que se gerou daí foi um sentimento de insegurança e de instabilidade de parte da população. Pergunta-se, por exemplo, se as investigações da Polícia Federal vão continuar. Se a volta do prefeito ao cargo não dará possibilidade de ele intervir no processo influenciando nas investigações etc. Inclusive, poucos dias após o retorno, o prefeito afastou de seus cargos vários secretários municipais, o que é atribuição dele, mas no caso gera dúvidas quanto aos motivos.
Questionamentos como esses parecem legitimar movimentações e mesmo manifestações de rua de setores reivindicando que a volta do prefeito só aconteça depois de concluídos todos os processos, caso seja inocentado.
A corrupção nas gestões públicas é sempre no mínimo uma possibilidade. Quem mais sofre com ela é a população mais vulnerável econômica e socialmente, pois vê recursos financeiros que poderiam e deveriam ser aplicados em melhorias de suas condições de vida serem embolsados criminosamente por quem já tem muito.
É verdade que acusações de corrupção são também usadas constantemente como arma política das oposições, nem sempre correspondendo à realidade.
O que se espera é que sejam esclarecidos os fatos confirmando ou não a continuidade do prefeito e condenando ou inocentando transparentemente todos os envolvidos.
O alegado pela justiça é manter fidelidade à escolha dos eleitores, o que é justo.
Mas deve nos alertar para o cuidado com as nossas escolhas eleitorais.
Professor Luiz Eduardo Prates
luizprts@hotmail.com