Segurança Pública

Dizia Cazuza “O tempo não para”. Podemos dizer: a política não para. O governo Lula vinha em crescimento na avaliação da população por alguns motivos. O mais visível é a forma do enfrentamento ao tarifaço imposto pelos Estados Unidos às importações do Brasil. Isso levou à reação em defesa da soberania nacional e, finalmente, ao encontro de Lula com Trump, cujos desdobramentos ainda estão acontecendo. Porém, o que se configurava como catástrofe no mínimo está neutralizado e ainda resultou em expansão das exportações para outros mercados internacionais.

Outro setor, aparentemente menos visível, inclusive porque a grande mídia não propala e “o que não dá na mídia não existe”, são os índices econômicos com êxitos além do esperado. A inflação está sob controle, os preços dos alimentos pararam de crescer, muitos diminuíram, o que não se comenta. É muito fácil reclamar que tudo está caro do que admitir que algo baixou de preço.

Pois bem, a essa alta da popularidade a oposição tinha que encontrar com que se contrapor. E o alvo foi a questão da segurança pública. O detonador da investida foi a chacina no Rio de Janeiro. Teve grande repercussão e aceitação na opinião pública, especialmente no Rio de Janeiro. Parece que a única forma de combater a criminalidade é com a violência extrema, o que aproxima a forma de combate com o que se quer combater.

Amparada no êxito, a direita resolveu voltar sua ofensiva à aprovação no Congresso Nacional de uma política de segurança. A toque de caixa e com o detalhe que muitos parlamentares, especialmente de esquerda, estão envolvidos na COP30. Chama a atenção que para relatar o tema no Congresso foi escolhido o Secretário de Segurança de São Paulo, que se licenciou do cargo para essa finalidade. O mesmo secretário que também comandou uma chacina, só que com menos repercussões, no litoral paulista em 2023.

Porém, ao contrário do que diz o senso comum, o governo já havia elaborado um projeto, que é o que está no centro do debate nesta semana, que, a exemplo do que foi feito em São Paulo na operação Carbono Oculto, visa chegar aos grandes do crime organizado, estrangulando as finanças das organizações criminosas e não somente matando o criminoso comum miúdo.

Parece que isso é que está em debate e ainda não sabemos como será o desfecho: ou combatemos o crime de forma organizada e civilizada ou revidando a violência com violência e deixando livres os chefões.

O que recoloca o debate: que tipo de país queremos? E para quem?

Professor Luiz Eduardo Prates
luizprts@hotmail.com