Historicamente, o Brasil consolidou-se como uma nação de origem colonial, dependente da exportação de produtos agrícolas, como cana-de-açúcar e café. Embora essas atividades tenham gerado ciclos esporádicos de acumulação de capital e fases limitadas de crescimento, não foram capazes de superar a condição periférica do país. Nossa sociedade organizou-se primordialmente em função das demandas externas das potências europeias (imperialistas), em vez de se orientar por interesses e necessidades internos.
Ao longo do século XX, contudo, ganhou força entre diversas vertentes políticas e teóricas a crença de que seria possível promover o desenvolvimento nacional sem uma ruptura estrutural, por meio de um projeto industrializante que superasse a herança agrário-exportadora.
No entanto, o modelo de industrialização subordinada que se efetivou, caracterizado pelo protagonismo das empresas multinacionais nos setores produtivos centrais, com o capital nacional atuando de forma auxiliar, fornecendo insumos secundários, demonstrou limites. Esse modelo mostrou-se incapaz de promover um desenvolvimento autônomo e de melhorar substantivamente as condições de vida dos trabalhadores e integrá-los no mercado interno.
Embora tenha transformado vários aspectos da realidade brasileira, tal processo não conseguiu romper com o subdesenvolvimento. A herança colonial manteve-se ativa, graças à posição subalterna que o país ocupa na economia global.
Apesar das transformações ocorridas nas últimas décadas, a lógica essencial do projeto colonial permanece atual: continuamos sendo um país voltado para a exportação de produtos primários, com grande parte da população imersa na pobreza, sob uma política violenta de controle social, sustentada por um racismo brutal e pela exploração intensiva do trabalho.
Quase um século após a implantação do parque industrial brasileiro, que hoje assistimos se desfazer, resta a lição histórica: nenhum projeto econômico subordinado será capaz de reverter nossa condição de atraso.
Indústria e produção científica são, de fato, condições indispensáveis para qualquer perspectiva de desenvolvimento. Mas sem verdadeira independência nacional, uma ruptura efetiva com o imperialismo e a hegemonia da classe trabalhadora na condução desse processo, tudo não passará de ilusão.
Max Marianek
Graduado em História
Funcionário Público