Homenagem

Por que a direita odeia tanto Paulo Freire? Por inúmeras razões, quase impossíveis de se dizer resumidamente e de maneira simples, dada a sua abrangência e complexidade. Mesmo com o risco de simplificar demais, podemos dizer:

Porque Freire, levado por sua sensibilidade humana e social, desenvolveu uma compreensão nova sobre educação: “os homens aprendem em comunhão, mediados pelo mundo”. Por isso, a leitura do mundo precede a leitura da palavra.

Defendeu que todo o ser humano tem conhecimento e capacidade de inteligir o mundo, embora os conhecimentos sejam diferentes. Por isso tem que ser respeitado em sua dignidade e tratado com amorosidade.

Que, para o oprimido, uma educação libertadora consiste libertar-se do opressor que hospeda em si mesmo, por meio do diálogo sobre o mundo e da prática para transformá-lo.

Todo o ser humano é inacabado. Nunca está pronto. Tem sempre o potencial de se desenvolver. Por isso todo o ser humano tem a vocação de ser mais.

Que a realidade tal qual está não corresponde às potencialidades do humano, está ‘aprisionada” à forma atual pelos poderes que se beneficiam social e economicamente desta realidade.

A partir desse posicionamento, Freire assumiu um compromisso radical e inabalável com os pobres e oprimidos e com a transformação do mundo.

Mas também porque Freire encantou e inspirou homens como o Prof. Dr. Luiz Roberto Alves, falecido dia 16 pp., a quem homenageio neste artigo, que também pautou sua vida pela simplicidade e o compromisso radical com os oprimidos e com a transformação social.

Luiz Roberto foi intelectual da maior grandeza e um dos principais da região do ABC. Professor sênior livre-docente da Escola de Comunicações e Artes da USP e da Universidade Metodista marcou indelevelmente a vida de centenas de estudantes que com ele fizeram o caminho do saber. Também se dedicou à carreira pública, tendo ocupado diversos cargos nas prefeituras da região. Por defender a necessidade de políticas públicas regionais, integradas e intersetoriais, foi um dos inspiradores da criação do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, em 1990. Com Freire, foi um dos fundadores do MOVA.

Concluo com a homenagem que lhe foi prestada pelo Projeto Meninos e Meninas de Rua, de São Bernardo do Campo, do qual foi um dos fundadores juntamente com a Pastora Zeni Lima Soares, postando uma de suas frases:

“Miserável é a sociedade que não percebe no inacabamento do Menor a sua própria vida e que o esquecimento do inacabado é a sua própria morte”.

Luiz Eduardo Prates
luizprts@hotmail.com