Unidade de Pronto Atendimento do Jardim Santo André trabalha com o método de classificação por risco

Saúde reorganiza fila de espera na rede de urgência e emergência

Acolhimento com classificação de risco, identifica pacientes em estado grave e faz o encaminhamento correto para salvar vidas

Não mais por ordem de chegada, mas sim por grau de risco ou sofrimento. É desta forma que o usuário da rede municipal de atenção à urgência e emergência está sendo acolhido nas unidades de Pronto Atendimento 24 horas de Santo André. Além de humanizar e otimizar o serviço público gratuito, o foco principal está em salvar vidas dos pacientes que realmente apresentam gravidade do quadro clínico. O Acolhimento com Classificação de Risco, serviço implementado em abri, já colhe bons resultados e, indiretamente, organiza a fila de espera na porta de entrada dos equipamentos de Saúde.

Unidade de Pronto Atendimento do Jardim Santo André trabalha com o método de classificação por risco


A mesma ferramenta, que integra a Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS (Sistema Único de Saúde), do Ministério da Saúde, é também utilizada em vários hospitais públicos e privados do Grande ABC – aliás tendência mundial de atendimento à população. A classificação de risco identifica, de forma rápida e dinâmica, qual paciente merece atenção urgente naquele momento. “Antes não havia priorização no atendimento, que se baseava na queixa e conduta médica. Agora, conseguimos organizar a fila de espera e propor outra ordem para atendermos ao usuário que não a de chegada”, apontou o médico cirurgião Vicente Alves, diretor da Rede de Atenção às Urgências e Emergências de Santo André.

Na prática, o usuário que chega à unidade tem a ordem de atendimento classificada na triagem andreense por quatro cores: vermelho (emergência); amarelo (urgência); verde (não urgente e sem risco de morte) e azul (não urgente/baixa complexidade). A enfermeira Elizabeth Mendes Paulo, assistente de direção, ressaltou que, com o novo método de classificação, a atenção da equipe médica se volta para o paciente que corre risco de morrer e não pelo horário de chegada. E a profissional ainda faz uma ressalva. “Normalmente, o paciente em estado mais grave não reclama de esperar”, afirmou, com base na experiência diária à frente de um equipamento com porta de entrada aberta ao público.

Números

Ainda de forma tímida, a direção da rede de urgência e emergência iniciou o monitoramento dos atendimentos de pacientes com os critérios de classificação de risco, a partir de abril. Os números iniciais apontaram que menos de 1% é realmente caso de risco de morte – 0,3% (vermelho) e 0,4% (amarelo). O percentual restante foi de 22% (verde), com a maioria esmagadora de 77% (azul), cor que representa baixa complexidade. Ou seja, na prática, o usuário poderia aguardar o atendimento pela ordem de chegada ou mesmo ser encaminhado para a rede de atenção básica – uma unidade de saúde próxima da residência onde mora.

Para o diretor, os primeiros números levantados são satisfatórios. “O novo sistema tem tido boa aceitação por parte dos usuários, que começam a entender o mecanismo do acolhimento por classificação de risco”, afirmou Alves, que participou da introdução do mesmo serviço na rede municipal de urgência e emergência de São Bernardo, em 2009. O médico também ressaltou que, por essência, o brasileiro é um povo solidário, inclusive dentro de uma unidade de Saúde. “Normalmente, a pessoa cede a sua vez para aquele que realmente precisa do atendimento emergencial”, apontou Alves.

Além da conscientização da população que utiliza o SUS (Sistema Único de Saúde), os trabalhadores da área também passaram por oficinas de sensibilização e adaptação ao novo sistema em Santo André. O atendimento de crianças, gestantes, idosos e pessoas com deficiências continua tendo preferência de cada nível de prioridade.