A importância dos anos 90 para a música!

Me arrisco a dizer que, cada período da vida que passa, certos acontecimentos ficam marcados por muito tempo. E com a música não é diferente. Desde a sua criação, ela passa por fases que, assim como qualquer situação, umas ficam mais marcadas que outras.

Porém, há muito tempo a música não se evidencia de uma maneira enriquecedora e que marca gerações. Também me arrisco a dizer que a década de 90 foi a última fase realmente boa deste cenário. Tudo bem que, se for para falar detalhadamente do assunto, entraremos na parte comportamental e evolução da internet e então, o texto ficaria maior que a bíblia.

Então vamos falar da importância e dos principais acontecimentos que fizeram desta maravilhosa década, uma das mais importantes na história da música e que até hoje está no coração de muitos.

A Explosão do Grunge

Logicamente vamos começar com o início da década, quando explodiu a última banda que revolucionou o planeta. O Nirvana lança o inesquecível álbum Nevermind, que rapidamente domina o mainstream e reacende a chama do rock’n roll que muitos diziam ter se apagado nos anos 80. E com o Nirvana veio a ascensão do grunge com muitas bandas que ajudaram o movimento a ganhar destaque, como Pearl Jam, Soundgarden, Alice in Chains, L7, entre outras.

O grunge causou a ira em muitas bandas de heavy metal da época e no Guns N’ Roses, que mantinha o título de a maior banda de rock do mundo. Digamos que na época eles mereceram, afinal o álbum Use Your Illusion I vendeu mais de 500 mil cópias em um só dia, feito bem considerável.

1994 – O último grande ano da música

Muitos especialistas no assunto consideram 1994 o último grande ano da música devido aos seus inúmeros lançamentos e acontecimentos. Começando com um dos mais tristes acontecimentos da década (e da história da música), o rock entrou em luto com o suicídio de Kurt Cobain e o fim do boom causado pelo grunge. Para muitos, este foi o começo do fim do rock.

Mesmo que muitos tenham chorado com a morte de Kurt, houve muito para comemorar em 94, principalmente os fãs de punk rock. O Green Day e o Offspring lançam os álbuns mais aclamados de suas carreiras, Dookie e Smash, respectivamente. Não só por serem os melhores discos das bandas, mas sim por ter levado o punk rock ao reconhecimento mundial e muitas bandas do gênero passaram a fazer parte dos mega festivais que ocorriam.

O álbum Smash, do Offspring, ainda carrega o título do disco independente mais vendido da história, com a marca de quase 12 milhões de cópias vendidas.

A música eletrônica também ganhou destaque. O Prodigy lança o excelente álbum Music for the Jilted Generation e leva as raves, festas de música eletrônica que só o público alvo conhecia, à massificação mundial. Além do álbum de estreia do Portishead, Dummy, que abriu as portas para o gênero trip hop, ao mercado musical.

E o ano de 94 ainda não acabou. O Brasil também pariu muitas bandas que revolucionaram a música brasileira e influenciam bandas até hoje (e vão continuar influenciando). Começando pelo Nordeste, O Nação Zumbi e Mundo Livre S/A foram responsáveis por apresentar o manguebeat ao país, antes conhecido apenas na região. O Skank passava de apenas uma banda regional de reggae para um fenômeno pop nacional com mais de 1 milhão de cópias vendidas do aclamado álbum Calango, o Raimundos apresentava o álbum homônimo de estreia, alcançando a incrível marca de ser a única banda independente do Brasil a vender mais de 100 mil cópias, o Planet Hemp deu as caras com a polêmica apologia a maconha com Legalize Já e O Rappa apresentava o seu disco de estreia, mesclando pop, rock, reggae e letras de cunho político.

Saindo das terras tupiniquins, ainda tivemos o primeiro álbum do Korn, que definitivamente foi a banda que apresentou o new metal ao mundo (no qual falaremos alguns parágrafos abaixo) e também, aconteceu mais um fato que desbancou nada mais que o Beattles e ficará para sempre marcado na história. Falo do disco de estreia do Oasis, que bateu recordes de vendas de um disco de estreia na Inglaterra e abriu a brecha para uma das maiores rivalidades da música no ano seguinte. E assim acaba o ano do tetra campeonato brasileiro.

O ano de 1995 foi marcado, principalmente, pela rivalidade pelo trono do Brit Pop, entre Oasis e Blur. As duas bandas trocavam farpas publicamente, odiavam uns aos outros, eram arrogantes e a briga por ego e popularidade parecia que nunca ia acabar.

Para desconfiança de todos, o Dave Grohl saiu das baquetas do Nirvana, para assumir o vocal e guitarra do Foo Fighters, atual banda mais popular do planeta (infelizmente, muitos “fãs” da banda sequer conhecem a primeira fase). E pegando o avião de volta para o Brasil, mas que infelizmente sofreu um fatal acidente no caminho, o Mamonas Assassinas fazia história no Brasil ao atingir a grande massa brasileira, com letras de duplo sentido e um som que atingia desde quem gostava de rock até as vovós que ouviam Nelson Gonçalves no rádio.

Fugindo totalmente do rock e entrando nos programas de domingo, não podemos deixar de citar mais um ritmo brasileiro que fora idolatrado por todos. O axé atingiu o seu ápice na metade dos anos 90 com É o Tchan, no qual o concurso para eleger a nova loira do Tchan, parou o Brasil, Terra Samba, Araketu, Banda Eva, Banda Cheiro de Amor, etc. Para o bem ou para o mal, o axé é patrimônio brasileiro e sempre fará parte da nossa cultura.

Outro gênero que se consolidou na década, o pop se tornou um fenômeno que há muito não se via na música, com as boys bands, girls bands e as novas musas do pop. Spice Girls, Backstreet Boys, Hanson, Five e N’sync lideraram os pop groups na segunda metade dos anos 90, vendendo milhões de cópias e conquistando milhares de jovens seguidores da MTV no mundo inteiro. Posteriormente, surgiram as candidatas a nova Madonna, Britney Spears e Chistina Aguilera, que travavam constantes disputas de audiência e ousadia, com clipes que vinham cada vez mais com menos roupas e mais sensualidade. Este foi o claro momento em que o rock começou a perder espaço na audiência para o pop.

O rock começou a perder espaço mas não perdeu (e não perderá) a guerra. O rock vinha em declínio nos anos 80 e entrou numa impactante ascensão com o Grunge nos anos 90 e, para muitos, ia morrer aos poucos junto com o líder do Nirvana, Kurt Cobain. Mas para a alegria de todos, no final dos anos 90, o gênero começou a se massificar para o mundo com sucessos de bandas já existentes, mas que “repaginaram” um pouco o som e o visual. Este assunto já foi abordado no blog, na matéria A Força Está Nos Cabelos.

Bandas como Red Hot Chili Peppers, Offspring, Raimundos, Silverchair, Pearl Jam, entre outras, apareceram com visual um pouco mais comportado e fazendo músicas mais comerciais, formando (muitos) novos rockeiros e conquistando a grande massa mundial, logicamente, com grande ajuda da MTV, que dominava o cenário musical mundial. E quem deu o pontapé inicial nesta nova era, foi o Offspring, com o mega sucesso Pretty Fly (For a White Guy). E logo depois, vieram outros sucessos que conquistaram o mundo como Californication e Scar Tissue (Red Hot Chilli Pepers), All The Small Things (Blink 182), Miss You Love (Silverchair), Mulher de Fases e A Mais Pedida (Raimundos), Learn To Fly (Foo Fighters), Zoio de Lula (Charlie Brown Jr.), Last Kiss e Soldier Of Love (Pearl Jam), entre muitas outras músicas que impregnaram as rádios e levaram o rock aos ouvidos de quem sequer gostava do gênero.

Os anos 90 acabaram, muitas bandas também, outras continuaram, muitos se foram, outros surgiram e alguns ressurgiram. A pergunta que não quer calar é: quando teremos uma nova revolução musical? Quando teremos um novo Rolling Stones, um novo Beattles, um novo Elvis Presley, um novo Nirvana, um novo Kiss, um novo Black Sabbath, um novo Ramones?

O que conforta é que a música ainda não parou. Ainda temos festivais acontecendo frequentemente. A internet ajuda na divulgação de muitos artistas, mesmo que as gravadoras não ajudem. Mesmo que muitos vão aos shows apenas por status, muitos ainda vão pela música e devem incentivar a nova geração a fazerem o mesmo. Inúmeras bandas novas surgem a cada dia; muitas boas e outras não. Enquanto isso, continuamos à espera da nova revolução musical.

E termino este texto brindando os anos 90, a última boa década da música.