Frente Ampla

A aposta de alguns setores da esquerda na tática da frente ampla, parte da crença errônea nos “princípios democráticos e republicanos” de uma burguesia que jamais foi democrática e republicana, basta darmos uma pequena olhada na história nacional para comprovarmos esta constatação. A elite brasileira e a direita liberal não exitaram em apoiar o golpe de 1964 e recentemente não exitaram em apoiar o golpe sobre o governo Dilma e a prisão fraudulenta de Lula.

Para a tática da Frente Ampla dar certo, o pressuposto básico é de que a direita e a burguesia desejam realizar uma aliança e este não é o quadro atual. Além de algumas divergências pontuais, os setores dominantes continuam com o presidente.

Bolsonaro ainda tem uma carta na manga extremamente importante para a classe dominante: ele tem o apoio do exército e das polícias estaduais. Os atuais acontecimentos, como o perdão de Pazuello pelo comando militar, jogaram por terra as últimas esperanças daqueles que ainda acreditavam haver um setor legalista e democrático no exército.

Esta tática também ignora completamente a contínua organização de um golpe por parte de Bolsonaro. O presidente deixou claro que não irá respeitar os resultados da eleição. Se ele não for derrubado por um grande movimento de massas, a eleição não limpará o terreno da ameaça fascista.

Por fim, tal proposta trafica com a vida dos brasileiros, jogando para 2022 a luta para retirar Bolsonaro do poder. Permitir que Jair continue agindo, matando milhares de pessoas durante mais um ano é um atentado contra o povo brasileiro, devemos nos concentrar na luta para retirar Bolsonaro agora.

Max Marianek
Graduado em História pela CUFSA
Graduando em Biblioteconomia pela USP