Recém-publicado no exterior, estudo inédito determina teor de polifenois na cerveja – substâncias com ação antioxidante e benéficas ao coração
Pesquisadores da Faculdade de Medicina do ABC e da Universidade de São Paulo acabam de publicar estudo sobre metodologia inédita para determinar em amostras de cerveja o teor total de polifenois – substâncias benéficas ao sistema cardiovascular devido a ações antioxidantes, antimicrobianas, antinflamatórias e até mesmo antitumorais. Como regra geral, quanto maior a quantidade de polifenóis nos alimentos maiores os benefícios que podem trazer à saúde.
O trabalho de iniciação científica da aluna Tieme Nakamura, do 3º ano de Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Medicina do ABC, está em detalhes na edição de novembro do periódico científico britânico “Journal of Food Composition and Analysis”. A estudante teve como orientador o professor Titular de Química Analítica da FMABC, Dr. Horacio Dorigan Moya, e contou com colaboração da Dra. Nina Coichev, professora no Instituto de Química da Universidade de São Paulo.
Ao todo foram analisadas 17 marcas de cervejas nacionais dos tipos Pilsen, Munchner, Malzbier e Stout. O maior teor de polifenois foi encontrado nas cervejas escuras tipo Stout. Vale ressaltar que o trabalho não indica ou reprova o consumo da bebida. Trata-se de estudo acadêmico que visa somente a determinação de polifenois em alimentos.
Ineditismo acadêmico: Não há consenso na literatura científica a respeito de qual o melhor método para determinação dos polifenois em amostras de cerveja, tampouco sobre qual substância é mais indicada como padrão para essa quantificação. O novo método desenvolvido na Medicina ABC utiliza reação química entre cobre II e neocuproína – agente específico para esse metal – para determinação dos polifenois. Essa reação é comprovadamente eficiente quando usada em amostras de vitaminas C e E e para análise de ácido úrico, proteínas e até mesmo de vinhos – conforme estudo anterior dos mesmos pesquisadores –, mas nunca havia sido testada em cervejas.
O método universalmente consagrado até então é o colorimétrico (por cor), que usa reagente de Folin-Ciocalteau com metais pesados molibdênio e tungstênio. “Pela primeira vez complexos de cobre foram usados na determinação de polifenois em cervejas. Trata-se de novo método colorimétrico, que se baseia na mudança de cor do verde para o laranja quando há presença de polifenois. Utilizando equipamento específico para essa finalidade, é possível calcular a quantidade presente na amostra sem interferência de outros aditivos comumente encontrados na cerveja”, detalha o professor Titular de Química Analítica da FMABC, Dr. Horacio Dorigan Moya, que acrescenta: “Além disso, o novo método é barato, tem baixa produção de resíduos e soluciona um dos principais inconvenientes do reagente de Folin-Ciocalteau, que é o uso de metais pesados na reação, prejudiciais ao meio ambiente e normalmente não recicláveis”.
O estudo “Modified CUPRAC spectrophotometric quantification of total polyphenol content in beer samples using Cu(II)/neocuproine complexes” está na edição de novembro da revista britânica “Journal of Food Composition and Analysis” (vol. 28, pg. 126-134) e pode ser acessado pelo site http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0889157512001470.