Juros altos e a crise econômica

Os recentes aumentos da taxa básica de juros (Selic) que alcançam 10% ao ano, e que o Banco Central do Brasil vem promovendo em nome do combate à inflação, é a nosso ver um grande tiro no pé do governo Dilma e um sério prejuízo ao Brasil e aos brasileiros porque atinge em cheio a economia, especialmente a produção e a geração de empregos.

Por esse modelo, quem ganha são os banqueiros, uma vez que deste modo se permite a transferência de bilhões de recursos públicos para uma minoria que vive da especulação financeira. O que contribui para concentrar cada vez mais a renda nacional em vez de distribuí-la, como tem sido a proposta dos trabalhadores na busca por desenvolvimento. Por outro lado, tal medida afeta significativamente o consumo porque reduz a capacidade de compra da classe trabalhadora.

Desse modo há que se perguntar: o que ganha o governo adotando tal medida?

Pelo nosso olhar, a adoção da alta de juros como única medida para controlar a inflação vai contra a toda uma política adotada anos atrás que tinha por objetivo facilitar o acesso ao crédito, baratear o custo de produção e, assim, desenvolver o mercado interno. Fica evidente, pois, que o aumento da taxa Selic não passa de medida paliativa e revela que o governo perdeu o foco no tocante ao projeto desenvolvimentista que gerou empregos e inseriu milhões de pessoas ao mercado de consumo.

Aliás, há muito que a presidente Dilma se recusa a conversar com os trabalhadores porque sabe bem que temos uma pauta que propugna por outra dinâmica econômica que não a do setor financeiro, mas em defesa da produção, com geração de emprego, distribuição da renda e inclusão social.

O aumento da taxa Selic, como vem sendo defendido pelo governo Dilma e por segmentos minoritários da sociedade, que se locupletam com tal medida, possui para os que vivem do trabalho um resultado para lá de negativo em razão do alto custo social e econômico que o peso dos juros traz consigo, inclusive gerando retração de mercado e com chances reais de acarretar o crescimento do desemprego.

O governo precisa urgentemente rever essa política nefasta e, antes de qualquer decisão, dialogar com a sociedade, particularmente com os que vivem de salários, os trabalhadores, que desejam ter emprego e futuro assegurados e não o contrário.

Aparecido Inácio da Silva
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de SCS