1º de Maio: data de reflexão e protesto

O Dia do Trabalho, como referencia ao 1º de Maio, é uma denominação inadequada para tratar de uma data que é dos Trabalhadores e, ainda por cima, internacional. Portanto, Dia Internacional dos Trabalhadores. Não se trata de uma mera referência a uma atividade (o trabalho) que tem sua importância e, por meio dela, se constrói a riqueza do mundo. Não! O Primeiro de Maio é data de reflexão e protesto.

Não há, nesse sentido, nada a ser comemorado, mas sim, refletido, já que se trata de um momento em que deve ser levado em conta as razões pelas quais centenas de trabalhadores, na Chicago/EUA, dos anos 1886, foram agredidos pela polícia, e dos oitos líderes do movimento cinco deles (Luiz Lingg, Adolfo Fischer, Jorge Engel, Augusto Vicente Teodoro Spies, Alberto R. Parsons) foram enforcados, dois (Samuel Fielden e Miguel Schwab) condenados à prisão perpétua, e um (Oscar W. Neeb) a 15 anos de prisão.

Portanto, quando se fala em 1º de maio, como data festiva, cabe uma séria correção de rumo nessa questão para mostrar as razões que culminaram nesse marco histórico e ainda as bandeiras erguidas por essas lideranças que, passados 128 anos, muitas delas continuam de pé. Sejam por que não foram atendidas na sua integralidade, ou ainda pelo fato de muitos dos itens dessa pauta, conquistados posteriormente, forem pouco a pouco sendo derrubados em função de uma correlação de forças nada favorável aos trabalhadores.

Uma coisa é certa: no caso da redução da jornada de trabalho, continuamos lutando, aqui no Brasil, para diminuir cada vez mais o seu tamanho. Primeiramente para 48 horas (o que se deu na década de 30, no governo Vargas). E para 44 horas, nos anos 80, por ocasião da constituinte que resultou na promulgação de uma nova Carta constitucional. Conquista essa que teve na linha das grandes lutas a categoria metalúrgica, sendo seguida por outras que entendiam ser uma bandeira que traria benefícios aos conjuntos trabalhadores brasileiros. E assim continua porque temos a clareza que de a sua diminuição implica em geração de empregos e mais qualidade vida para o conjunto dos trabalhadores brasileiros. Estudo do Dieese (Departamento de Estatísticas e Estudos Sócio Econômicos), realizado há pouco, mostrou que nos dois primeiros anos da implantação da jornada semanal de 40 horas, haveria um aumento do nível de emprego em mais de dois milhões de postos de trabalho.

Quando falamos em reduzir a jornada semanal estamos a defendê-la sem desconto nos salários. O que implica em melhoria do valor das remunerações, já que as horas reduzidas deverão ser incorporadas aos salários.
Desse modo, o 1º de Maio, Dia Internacional dos Trabalhadores, não é Dia do Trabalho, a ser comemorado com bandas e fanfarras, como querem governos e patrões, mas momento de reflexão e de protestos. O que justifica a ocupação das ruas pelos trabalhadores na defesa daquilo que consideram um direito seu. E, nessa pauta, que vem de longe, novas reivindicações foram sendo incorporadas que traduzem as mudanças ocorridas ao longo do tempo, tais como, controle inflacionário, que de outro modo corrói os salários, educação e saúde de qualidade, sistema previdenciário com o objetivo de amparar os trabalhadores na doença e também da velhice, transporte e habitação adequados e geração de empregos com distribuição da renda, de maneira que, no seu conjunto, possam oferecer perspectivas de futuro à classe-que-vive-de-salários.

Se olharmos com cuidado podemos notar que as lutas dos trabalhadores da Chicago dos anos 1880 não foram em vão. Isto porque, além de justas, serviram para incentivar a luta da classe trabalhadora em diversas partes do mundo e chegarmos aos dias atuais lutando para assegurar conquistas e na obtenção de outras novas. As ações dos “Mártires de Chicago” continuam permeando e servindo de exemplos inspiradores para outros segmentos sociais na sua luta por oportunidades, dignidade e justiça.