“Não ao Racismo”

“O futebol não é o ópio do povo como se imaginava. Ao contrário, de forma nua e crua, traz a luz dos holofotes à escuridão em que vivemos, com nossos preconceitos odiosos camuflados á sombra da hipocrisia e do cinismo. Hiper-realismo surreal. Que representa a real.

O caso do goleiro santista Aranha, que até hoje tem sido notícia na imprensa, chamado de macaco na Arena do Grêmio, pela torcedora Patricia Moreira, 23 anos, mostra muito mais que a idiotia de uma minoria que insiste em não enxergar o óbvio. Escancara também o quanto a maioria não tolera mais a estupides racista num país de maioria absoluta negra. Cada vez que ela insiste em dar as caras fica claro que é marginalizada pela imensa maioria da sociedade.

Darwin explica. A geração do meu filho é mais tolerante que a minha, que é mais tolerante que a do meu pai, que é mais tolerante que a do meu avô, que é mais tolerante que a geração que viveu a época da escravidão, que é mais tolerante que os romanos, que atiravam cristãos aos leões. Se a intolerância racial provoca indignação, o futebol mostra como outros preconceitos estão vivíssimos na doente sociedade, que por sua vez não tem preconceito contra políticos picaretas e corruptos, e ainda os elegem para lhes representar nas Câmaras de Vereadores, Assembleias Legislativas, Câmara Federal e Senado.

“Bicha” e “viado” seguem a ápice da ofensa. Não é por outro motivo que nenhum jogador se assume gay. A curto e médio prazo, é impossível imaginar que o senso comum se posicione contra homofobia no estádio e exija punição exatamente como fez em relação a gremista flagrada “urrando” “macaco” para o goleiro Aranha. Esse fato tem se tornado corriqueiro em outros locais infelizmente. Não é só a homofobia.

No mundo a parte dos estádios, mulheres desacompanhadas e com roupas decotadas são consideradas culpadas, não vítimas de assédios. Já as ofensas ao goleiro santista, o caso mostrou o quanto a sociedade considera o racismo inaceitável nos dias atuais. O que é ótimo. E, de forma indireta mostra que no futebol, a sociedade sem filtro, a homofobia e o machismo são valores aceitáveis. O que é péssimo.

Uma sociedade sem preconceito de cor, raça ou religião é sempre a melhor alternativa. Dentro da lei. Que esse caso sirva de exemplo para que as autoridades façam valer a lei com punições severas para quem pratica o racismo, o preconceito, a intolerância, a homofobia!”