Pesquisa contratada pelo Consórcio aponta que, caso implantada a restrição, 72,8 % utilizariam o transporte público
A implantação do rodízio de veículos no Grande ABC divide a opinião de moradores das cidades mais afetadas pelo trânsito na região. Pesquisa contratada pelo Consórcio Intermunicipal Grande ABC apontou que 46% dos entrevistados são contra a restrição de veículos nos mesmos moldes da operação implantada em São Paulo (por placa dos veículos), enquanto 40,13% são favoráveis à medida. Considerando a margem de erro adotada (de 4,5% para mais ou para menos), o estudo mostra empate técnico. Se considerado o total de entrevistados que respondeu que o rodízio “talvez” pudesse ser implantado na região (8%), o número de pessoas propensas à medida supera a rejeição.
A “Pesquisa de Opinião Pública para Aferição da Implantação do Rodízio de Veículos na Região do Grande ABC” foi realizada pela Empresa de Gestão Pública (EGP) e contou com investimentos de R$ 45,5 mil do Consórcio. O levantamento envolveu 1.500 entrevistas nos municípios de Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema e Mauá, feitas entre 4 e 15 de julho e entre 20 e 26 de julho. Os resultados já foram encaminhados aos atuais prefeitos das sete cidades e serão apresentados também aos chefes do Executivo que assumem seus mandatos em 2013.
“O estudo é um insumo importante para a tomada de decisões dos prefeitos nas questões que envolvam a mobilidade regional”, afirmou o secretário executivo do Consórcio, João Ricardo Guimarães Caetano. Para ele, o resultado da pesquisa não implica na implantação imediata do rodízio, nem em descartá-lo, mas ajudará as prefeituras na atuação frente a essa importante questão.
Para a coordenadora do Grupo de Trabalho Mobilidade, Andrea Brisida, a pesquisa se juntará ao Plano de Mobilidade Regional, em andamento, e ao projeto de sincronização semafórica, que aguarda verba federal, ambos voltados à questão. A coordenadora do GT também não acredita que o rodízio possa ser implantado por um município e não em outro. “É uma decisão que só faz sentido se tomada coletivamente”, argumentou.
O secretário executivo lembrou que o rodízio poderá ser um dos instrumentos em um cardápio de ações articuladas pelas prefeituras também junto ao Governo do Estado, que envolve as futuras linhas 18 do Metrô (monotrilho), o Expresso ABC (CPTM) e a nova licitação da EMTU para concessão de linhas intermunicipais que servirão à região do ABC.
Detalhamento
Apesar da divisão entre moradores favoráveis e contra o rodízio, apenas 18,73% dos entrevistados considera boa a situação do trânsito na região. Um total de 45,93% dos entrevistados avalia a situação do trânsito nas sete cidades como ruim ou péssima, enquanto 33,87% a classificam como regular. Enquanto na cidade de São Paulo o rodízio estimulou a utilização de mais de um veículo por família, a tendência de comportamento no ABC se mostra diferenciada. “Em caso de implantação do rodízio, 72,8% utilizariam o transporte público, enquanto apenas 8,87% se mostraram dispostos a utilizar outro veículo”, detalhou Sandra Malvese, técnica de Programas e Projetos do Consórcio que apresentou o estudo.
As entrevistas foram domiciliares e envolveram pessoas maiores de 16 anos, distribuídas conforme a população de cada um dos cinco municípios pesquisados. Do total de pesquisados, 59,87% trabalha e, destes, 40,95% utilizam carro próprio, contra 24,28% de usuários de ônibus público, 8,85% de usuários de trólebus, 8,64% utiliza motocicleta, 2,37% se deslocam de carona e 14,91% utilizam outros modais (bicicleta, transporte a pé). Nesse universo, apenas 9,58% trabalha em cidades fora da região do ABC. Já o total de estudantes foi de apenas 11,93% dos entrevistados, sendo que, destes, 63,13% utilizam ônibus ou trólebus, 25,14% utiliza carro e 11,73% outros modais. Também nesse caso uma minoria (5,03%) estuda fora da região.
A pesquisa apontou também que 52,60% dos entrevistados gasta de 30 minutos a uma hora diária no deslocamento para realização das suas atividades, incluindo trabalho, estudo, lazer, etc. Além disso, os que possuem um ou mais carros, deixariam de utilizar o veículo se houvesse uma boa alternativa de transporte no ABC. Na opinião de 86,33% dos entrevistados o tipo de transporte que os governantes poderiam melhorar na região é o coletivo, aí incluídos trem, metrô e ônibus.