Campanhas se desintegrando

Samuel Oliveira

Samuel Oliveira

23 de Outubro

Algumas campanhas estão fadadas ao sucesso, outras não na região do Grande ABC, e muita coisa ainda deve acontecer até o dia 26 de outubro, quando a Justiça Eleitoral, deverá se pronunciar sobre o deferimento ou indeferimento de candidaturas em todo país. Algumas campanhas nem conseguiram sair as ruas e já foram cassadas, como é o caso da ex-deputada Vanessa Damo e do ex-prefeito Donisete Braga ambas de Mauá, que foram indeferidas. Em Mauá a situação está se polarizando entre duas principais candidaturas, a do prefeito Atila Jacomussi, que leva o peso de duas prisões pela Polícia Federal pelas ações das operações Prato feito e Trato Feito, sobre o desvio de dinheiro da merenda escolar, e a do petista Marcelo Oliveira. A busca de agora em diante é o apoio incondicional da família Damo e Braga, ou os votos caso elas não consigam liminar para a disputa eleitoral.

Campanhas nem saíram nas ruas

No Grande ABC a expectativa é grande em relação as campanhas eleitorais de inúmeros candidatos a prefeito em todas as cidades. Vários estão com o freio de mão puxados em relação a gastos porque ainda não conseguiram aval definitivo da justiça eleitoral – o deferimento de suas campanhas, e correm o risco também de se desintegrarem antes de as colocarem nas ruas. Outras que já estão deferidas, também não estão nas ruas, talvez por falta de recursos e até por falta de experiência mesmo em campanhas eleitorais. Outros estão esperando as decisões finais do TRE, dia 26-10, é o prazo final para o deferimento das candidaturas, depois disso só através de liminares que poderão ser cassadas caso o candidato seja ficha suja ou condenado em segunda instância por órgão colegiado.
Ao final, das mais de sessenta candidaturas majoritárias na região, o número deve cair sensivelmente, para algo mais realístico. Aguardemos faltam poucos dias.

Festival de bandeiras

Ao passar pelas principais avenidas da região o que mais se nota, é o festival de bandeiras coloridas espalhadas por todos os lados dos candidatos que já colocaram suas campanhas nas ruas. Quem está gostando desta movimentação são as centenas de pessoas que estão desempregadas e viram a oportunidade de garantir uma renda extra nestes tempos difíceis. A maioria nem quer saber quem é o candidato que está concorrendo e a que cargo, vereador ou prefeito, se é do partido x ou y. O importante é garantir pelos próximos dias uma grana extra.

Que se elejam os novatos

Renovação é tudo o que a população quer na política. Todos estão cansados das balelas dos políticos de sempre, que não largam o osso há muitos anos, não permitindo uma renovação nos quadros políticos. Quando se fala em renovação nos legislativos ou executivos, acabando com a hegemonia de famílias que se revezam no poder, não é colocar de volta os políticos da velha guarda que não se elegeram nas últimas eleições, e sim, eleger jovens políticos em todas as cidades da região, sem vícios e sem esquemas. Se mesclar muito os legislativos, o vício continua e não adianta mudar somente umas peças no tabuleiro que são as Câmaras Municipais. O país precisa de jovens políticos com ideias novas para uma renovação futura, e não políticos jovens com vícios da velha guarda. Não se pode ter tudo de uma vez na política, mas a renovação se faz necessária. Dar valor aos jovens é plantar ideias novas para o futuro da região.

Doria e seu passa-moleque

Depois que o governador João Doria, fez o que bem entendeu com algumas das empresas públicas do estado, e recebeu a aprovação de deputados de todas as regiões, abaixando a cabeça em sinal de aceitação, agora nenhum deles que o ajudou a aprovar o projeto de lei 529/2020, ou o pacote da maldade como muitos o classificaram, pode reclamar da destinação de verbas orçamentárias para o BRT ABC e a linha 20 do metrô paulistano, de R$ 10 reais para cada uma das obras. Vir a público, só porque é época eleitoral é pura hipocrisia de deputados estaduais da região que talvez nem sequer leram o projeto e o aprovaram, e muito menos leram a peça orçamentária de 2021. Abaixar a cabeça é fácil. “Políticos” que aceitam tudo sem pestanejar existem aos montes pelo Brasil afora, e no grande ABC não foge a regra. Tudo igual. A população que espere para as próximas eleições para cobrar novamente. Por isso precisa-se de uma renovação de políticos, os que aí estão, já vieram com vícios de velhos.

Compra de candidaturas na região, será?

Corre boatos no meio político da região de que políticos que não querem deixar o osso (poder) estão oferecendo rios de dinheiro para candidatos majoritários opositores desistirem de suas campanhas, como existiam no futebol as famosas malas pretas, muito comentadas pelos comentaristas esportivos. Por outro lado, existem as malas brancas que estão também oferendo para os majoritários mais fracos, para que eles desistam em prol de adversários mais fortes e compõem a chapa por fora, em troca de futuras secretarias. Se é verdade ninguém sabe, mas a justiça eleitoral e o ministério público eleitoral deveriam estar atentos a este tipo de movimentação. Se não, qual o motivo de eleger candidatos sem comprometimento com a população e seu próprio plano de governo? – Basta de corrupção e enriquecimento ilícito no meio político. Se a justiça fosse mais intensa e rápida na fiscalização, não precisaria julgar e prender tantos políticos desonestos que esfolam os cofres públicos para seu próprio interesse.

#ElasNoPoder, sim é possível

Em São Caetano uma luta por mais mulheres no poder legislativo vem ganhando força. Afinal, na história política da cidade apenas 8 foram eleitas. Um cenário que já está mais que na hora de ser alterado. E é isso que Bruna Biondi, Fernanda Gomes e Paula Avilles, do PSOL do município, estão buscando nas próximas eleições. As três ativistas fazem parte do Movimento Mulheres por + Direitos e juntas em uma única candidatura estão buscando além de aumentar o número de mulheres na Câmara Municipal, enfrentar de frente a corrupção na cidade em um mandato que buscará lutar pelos direitos das mulheres, da juventude e dos trabalhadores e das trabalhadoras de São Caetano. Vale a pena acompanhar este movimento.

Fundação VIVA também tem seu porta voz

Em 2019, após São Caetano ter passado pela pior inundação de sua história, foram colocadas em prática pela população do bairro Fundação ideais de poder popular. Com isso, foi criada a Fundação VIVA, cujo porta voz é Rogério Bregaida. Pensando nos trabalhadores e moradores do bairro que são os maiores prejudicados com as enchentes e muitas vezes não são ouvidos pelos políticos da cidade, Bregaida está disputando uma cadeira na Câmara de vereadores nas próximas eleições pelo PSOL, com a ideia de uma democracia participativa, onde todos tenham vez e voz. “Com a ideia de uma democracia participativa, onde todos tenham vez e voz. O mandato é ferramenta de luta do movimento popular e partido político tem que dar passagem.”

Samuel Oliveira

Samuel Oliveira

Jornalista e conta o que de melhor (ou pior) acontece nos bastidores da política da região do ABC.